dois coelhos

Esta é a nossa história, dois rapazes destinados um para o outro, que se conheceram quando um tinha 20 anos e o outro 26.
Desde esse dia que a nossa vida mudou para sempre! E vocês são as nossas únicas testemunhas!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Porque tenho inveja dos heteros


Já que o último post suscitou tantas dúvidas, achei que precisava de esclarecer isto um bocadinho melhor.

Porque tenho inveja dos heteros...

Mera contextualização: estou muito 'dentro do armário', e não pretendo sair. O meu trabalho implica um contacto diário com muitas pessoas, e o meio onde trabalho é altamente conservador e obedece a uma hierarquia rígida. Tenho pretensões de subir nessa hierarquia. Não existe uma barreira entre 'amigos do trabalho' e 'amigos pessoais'. Poucos pertencem apenas a uma das categorias.

Entristece-me não poder fazer o mesmo que fez o casal que descrevi no outro post. Parar o carro, pôr a música alta, sair do carro e dançar bem agarrado ao meu coelho. E fazer isto no meio da cidade, sem me preocupar de poder haver pessoas a ver.
Gostava de poder dar-lhe a mão quando estamos a jantar, ou do abraçar no cinema. Gostava de o trazer aqui a casa, de poder pôr umas velas na sala e fazermos um jantar romântico, sem que estes homofóbicos transformassem a minha vida aqui num inferno.
Gostava de o poder levar aos casamentos a que tenho ido, em vez de ter de levar amigas ou ir sozinho. Gostava de poder fazer o que a sociedade aceita tão bem num casal hetero e até bate palmas, mas cospe e insulta se forem dois rapazes.

Enfim, acreditem, razões não me faltam para ter inveja dos heteros. Mas há uma coisa que me anima... os heteros bem se podem lixar, que este coelho é meu e só meu. E isso dá-me muito orgulho!

10 comentários:

  1. Olá, mais uma vez não me parece que tenha nada a ver com ser-se hetro… É uma questão de postura. Actualmente as coisas não estão assim tão más como isso para os homossexuais! É como te digo já não estamos em 1970. No trabalho existem leis que nos protegem assim como nos restantes locais. Não digo com isto que não existam casos graves de homofobia mas acho que também depende de nós alterar a situação e destruir mitos.
    De minha parte, (e esta é a minha postura não a impinjo a ninguém) apesar de não andar com a minha orientação sexual na testa, a maior parte das pessoas tem tido óptima reacção. Não me abstenho de dizer “o meu namorado” se tiver de o fazer. Não minto nem me oculto. E sabes qual tem sido a reacção das pessoas? Tem sido tudo do género “Ah nunca diria isso de ti” e “nem pareces nada”. E sabes porque? Porque a cabeça das pessoas está cheia de mitos e todos pensam que homossexual é sinónimo de “bicha”. Tirando os meus pais, não tive uma única má reacção e sinto-me completamente aceite e integrado no meio de todos os outros que me conhecem, mesmo no trabalho. Sinto que ajudei algumas pessoas e reformularem os seus preconceitos e que as pessoas me respeitam, me têm amizade e que se antes tinham algumas reticências em relação ao assunto agora são das primeiras a levantar-se em defesa das injustiças que ainda se ouvem e que ainda acontecem.
    So go and dance in the street… ;)
    Abraços

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  3. Eu entendo que há muitas condicionantes e muitas personalidades, que fazem combinações diferentes e potencialmente legítimas, em qualquer dos casos. O importante é termos a possibilidade de ser tratados como iguais. E de nos sentirmos bem em cada momento das nossas vidas com as opções que fizemos. Afinal, também há casais heterossexuais que NÃO fariam tamanho "espalhafato" em público. Mas que às vezes apetece, lá isso apetece; e que nós dá muito gozo (se a coisa não correr para o mal), lá isso dá!... Boa sorte, meus queridos, e sejam felizes, que é o mais importante!!! ;-)

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  4. Coelhitos as coisas conquistam-se. Depois depende do tipo de relação. Eu moro sozinho, nao tenho de dar satisfacoes. Depois o que os meus pensam nao me interessa. Ja disse ao meu pai que nao me envergonhava de ele ser hetero, nem a minha cunhada. Se eles se envergonham... Problema deles.

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  5. Guapo, é uma decisão tua e pronto... :)

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  6. Só te digo: como eu te compreendo. E muito. Muito do que dizes, parece que me estou a ler.
    Abraço.

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  7. É difícil julgar e dar conselhos é fácil. Compreendo as tuas razões, como aceito o que foi dito aqui pelos os amigos cibernéticos em cima de mim. No entanto, cada um é responsável de viver a vida como quer. Decides assumir? Tens de arrecadar com as consequências e benefícios. Decides não divulgar? Tens de arrecadar com as consequência e benefícios. A decisão é mesmo tua. O importante é seres (serem) feliz(es).

    PS. Voltei atrás para dizer que a palavra de código que me apareceu foi "actors". curioso já que estávamos a falar de papeis que fingimos diariamente.

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  8. acho que também compreendo bem o que dizes: afinal, eu e o Zé também nunca assumimos perante as nossas famílias extensas. mas, à excepção do pai do Zé, todos sabem que vivemos juntos. entre os amigos é impossível nenhum saber. e quando no trabalho vem à baila, não escondemos. achamos que não tem lógica. e às vezes as pessoas surpreendem-nos mais pela positiva do que poderíamos esperar. não sinto inveja pelo "espalhafato" que alguns heteros (ou homos) fazem, mas às vezes também gostava de beijar o Zé com a mesma naturalidade com que os heteros o fazem. além disso, e acima de tudo, parece-nos que não tem lógica estarmos a construir uma imagem falsa do que somos para comprar uma suposta boa integração. achamos que é o tipo de situação que não dará bom resultado, nem trará felicidade para ninguém.

    abraços

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  9. compreendo perfeitamente... também estou numa situação idêntica à tua, manter o aspecto hetero é fundamental, não sendo algo que me preocupe é algo que me deprime em certos momentos, quando me envolvo com alguém...

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  10. Ui.

    Esta dava pano para mangas.

    Eventualmente isso explode, e pode ser pior. Mentiras correm sempre mal. Cedo ou tarde.

    Mas hey. É só a minha opinião. De um gajo que trabalha também num dos ambientes mais conservadores que podes imaginar, e no entanto se lhe apetece dar um beijo ao respectivo no meio da rua... nem penso duas vezes.

    Percebo-te porque já passei por isso. Mas a verdade é que perdes mais do que o que ganhas. Garanto-te.

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