dois coelhos

Esta é a nossa história, dois rapazes destinados um para o outro, que se conheceram quando um tinha 20 anos e o outro 26.
Desde esse dia que a nossa vida mudou para sempre! E vocês são as nossas únicas testemunhas!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Escócia 6 (finalmente)

No nosso último dia na Escócia, para não variar, acordámos cedo. O carro tinha de ser entregue na rent a car em Edimburgo até às 12h e ainda queria ver duas coisas no caminho.

Tinha dormido bastante mal. Apesar do quarto ser confortável (no nosso quarto de 8 pessoas só ficou mais um senhor de meia idade, praticante de trecking) passei a noite a pensar no raio da jante do carro lixada e no quanto aquilo me poderia custar. Era evidente que aquilo tinha levado uma pancada forte, para além da amolgadela estava raspada à superfície e com uma cor completamente diferente.

Depois do pequeno almoço (o hostel era uma mansão vitoriana adaptada), enquanto o P trazia as malas, tentei sujar os pneus com terra para ver se a coisa disfarçava, mas o efeito foi nulo. Enfim, fosse o que Deus quisesse.

A primeira paragem foi logo ali em Melrose, para ver a respectiva abadia. Não foge muito às outras que já tínhamos visto, e os chuviscos não convidavam a grandes explorações. Em pouco mais de meia-hora entre ruínas e túmulos, demos a visita por concluída. 



A 1 hora dali ficava um dos sítios que tinha mais curiosidade em conhecer, a capela de Rosslyn. Será que este nome diz alguma coisa para vocês? Capela de Rosslyn? Não vou desvendar o mistério, mas duvido que alguém não tenha lido ou visto qualquer coisa sobre esta capela. 

A capela era pequena (cerca de 9€ de entrada a cada um), e, devido ao sucesso repentino e às centenas de turistas que chegavam todos os dias  (passaram de 10 visitantes diários para cerca de 1500!) tiveram de fazer obras e melhorar os acessos. Com um audioguia que de certeza estava a ser estreado por nós lá fizemos o percurso recomendado, e visitámos também o museu. A história popular sobre a capela é rica, por isso é difícil separar a verdade da ficção. Diz-se que foi construída pelos Cavaleiros Templários, para proteger o Santo Graal. Ora acontece que entre as inúmeras esculturas que adornam a capela se encontram algumas que parecem aloés, espigas de milho e flores tropicais. Nada de especial, não fosse essas esculturas serem anteriores ao ano 1400 e nessa altura ainda não eram conhecidas na Europa estas plantas. 







Estava concluído o percurso de mais de 1000 km. A paragem seguinte foi na rent a car, em Edimburgo. Combinei com o P que quando estacionasse o carro na garagem ele me daria indicações de maneira à parte amolgada ficar para baixo e um pouco menos evidente. Funcionou tão bem que a parte danificada da jante foi a que ficou mais exposta!

Tentei fazer um ar natural, e lá fui entregar as chaves. O funcionário não era o do golfe, com quem tinha simpatizado quando levantámos o carro. Como habitual, veio fazer a inspeção à viatura. Deu duas voltas ao carro e, claro, topou a amolgadela. Olhou, abaixou-se, consultou os papéis... Perguntei-lhe se havia algum problema, e ele só disse que estava com dúvidas ali em relação a uma coisa, mas que ia chamar o colega. E então aparece o gajo do golfe. Sorriu, perguntou se a viagem tinha corrido bem e foi lá ver o pneu e a jante. Tinha sido ele que tinha feito o check up inicial, sabia perfeitamente que quando me tinha passado o carro para as mãos aquela amolgadela não existia. Falou qualquer coisa com o outro colega, passou por mim, piscou o olho e disse 'It's all right'

O outro funcionário veio ter comigo e disse que o colega tinha visto a amolgadela mas que não a tinha assinalado no papel, e pediu desculpa por isso. Ufff, não imaginam o meu alívio!

Apanhámos um autocarro para o centro de Edimburgo e fomos beber um cafézinho ao Costa Café, e comprar meia dúzia de lembranças nas lojas por ali. Depois, foi apanhar o autocarro AirLink para o aeroporto, e, sem mais sobressaltos, apanhámos o avião de volta  a Lisboa.

 Estávamos cansados, mas ainda viemos de autocarro para casa. As viagens lowcost são assim, não começam no aeroporto: começam à porta de casa! 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Escócia 5

Bem, vamos a ver se é desta que isto anda para a frente e encerro de vez o capítulo da Escócia.

Como tinha dito, passámos a 5ª noite em Inverness. Não é uma cidade particularmente interessante, mas apelida-se como sendo a cidade do Monstro de Loch Ness. É precisamente em Inverness que começa o lago Ness, onde supostamente vive o bichinho (segundo as últimas teorias, poderá ser uma fêmea, a Nessie). 

Saímos cedo do hostel e fizemos-nos à estrada. Era o dia mais pesado do nosso roteiro, quase 500 km. Pode parecer muito, mas com a companhia certa 500 km passam num instante. Digo isto por experiência própria!

A primeira paragem foi no The Loch Ness Center. Quando chegámos percebi logo que não era bem o que eu esperava. Pensei num museu a explicar a origem do mito do monstro, enquadramento histórico, provas da existência da criatura... em vez disso o museu está muito focado em crianças, com bonecos, brinquedos e filmes de animação. Ainda bem que percebi isso antes de pagarmos os 7,60€ do bilhete.


Seguimos logo caminho para a verdadeira atração do Loch Ness, que não me desiludiu: O Castelo de Urquhart, do séc. XIII e que já chegou a ser o maior castelo da Escócia . É daquelas imagens que associamos logo à Escócia (a outra é a do Castelo Eilean Donan, mas para o vermos teríamos de fazer mais 250km precisamente neste dia já bem longo). 

A entrada no Castelo de Urquhart custava 9,5€, mas como tínhamos o Explorer Pass não pagámos nada. Como ainda era cedo, ainda não tinha muitos turistas (quando estávamos a vir embora chegaram 4 autocarros!). O cenário é idílico, só faltava mesmo o Duncan Macleod (ainda iríamos passar pelo sítio onde supostamente nasceu). 





À saída do Castelo de Urquhart, uma mudança de direção e uma curva mal calculada (esta mania dos ingleses guiarem pela esquerda faz isto) levou-me a bater com o pneu num passeio alto e dar uma valente amolgadela na jante do carro.  Fónix, o seguro dizia especificamente que não cobria pneus e jantes. Raios!

A paragem seguinte foi em Fort Augustus, somente para ver um sistema de eclusas, mais arcaico do que o da  Falkirk Wheel, mas também muito pitoresco. 


Apetecia um cafézinho, mas ainda fizemos primeiro os 72 km até Glenfinnan, o berço dos Imortais (quem ler isto pensa que eu sou um maluquinho pela série, mas não sou). O Monumento de Glenfinnan, junto ao Lago Shiel, tem vistas espetaculares, que me trouxeram à memória os fjords da Noruega, um dos sítios mais espetaculares onde já estive. 


Bebemos então o cafézinho, enquanto caminhámos um pouco a pé até ao Viaduto Ferroviário de Glenfinnan. Será que alguém sabe em que filme aparece este viaduto?


Passámos por Fort William, com o Ben Navis, o ponto mais alto da Grã-Bretanha ao lado, 


em direção a Glencoe, mais um local com uma vista espetacular, agora a fazer lembrar o vale glaciar do Zêzere, na Serra da Estrela. 


Aqui e ali, parávamos sempre que a beleza da paisagem nos obrigava a mais do que um vislumbre da janela do bunnycar



Depois de mais 80km chegámos ao Inveraray Castle, eram cerca de 15h30. Ainda não tínhamos almoçado, as sandes de queijo e fiambre já tinham terminado, mas quem correr por gosto não cansa e não tínhamos tempo para paragens refasteladas para grandes manjares.

O Castelo de Inveraray é muito fotogénico, e quase não tinha turistas. Apesar de não ter visitas guiadas, lá arranjei maneira de descobrir uma lenda... em 1644 um tocador de harpa foi enforcado no castelo, acusado de andar a espiar uma princesa que ali vivia (mais tarde veio-se a saber que eram amantes). Hoje, em certas alturas, houve-se um misterioso som de harpa a tocar. Hehehe...




Mais à frente, e depois de uma curta exploração da vila de Inveraray, parámos em Loch Lomond, mais um lago que dava vontade de ficar ali mesmo até ao pôr do sol.


Porém o pôr do sol seria só às 22h (tinha a lição bem estudada) e não era ali que queria ver o pôr do sol com o meu rabbit. Às 22h queria estar noutro sítio, a 176 km dali, mas ainda tínhamos umas 4 horas, por isso resolvemos fazer um pequeno desvio à rota inicial e passar pelo centro de Glasgow, só para ter uma ideia da cidade (lembro-me de um post do X e do F, que estiveram por lá há uns dois anos). 

Foi uma volta muito do tipo stop-and-shoot, em que nos tornámos especialistas. Glasgow é uma cidade muito industrial, e o centro historio não é muito grande. Se tivesse mais tempo e tivesse de facto preparando uma visita a Glasgow iríamos visitar a Glasgow School of Art. Como esse nunca foi um objectivo nesta viagem, não houve nada a lamentar.


À saída de Glasgow parámos finalmente para lanchar qualquer coisa rápida e comprámos umas pizzas congeladas para fazer para o jantar quando chegássemos ao próximo hostel

Com o tempo contado, porque o astro-rei não espera e eu queria mesmo ver o por do sol nesse sítio específico, lá partimos para o Scott's View. Trata-se do miradouro preferido de Walter Scott, o mais famoso escritor escocês (apesar de, noutro registo, prefiro outro escocês, Conan Doyle). Walter Scott, todos os dias, a cavalo no regresso a sua casa, parava aqui alguns minutos para contemplar a paisagem e o pôr do sol. Quando faleceu, o cortejo fúnebre também passou por aqui, e o seu cavalo, chegado a este ponto, recusou andar mais em direção ao cemitério.

Bem, depois de muitas aventuras e caminhos de cabras para lá chegar, porque parece que naquele momento decidiram começar a fazer obras em tudo o que é estrada e o GPS devia ter tido uma travadinha com certeza, lá conseguimos chegar acima a tempo de ver o pôr do sol. E de dar um abraço ao meu coelhito lindo! 

Não havia neve, mas dá para ter uma ideia de como é o por do sol

Ainda me consegui meter em mais filmes antes de ser noite cerrada. Segundo o nosso guia da Escócia, ali bem perto havia uma das mais bonitas abadias da região, a Abadia de Dryburgh. Já era tarde, mas ficava a uns 5km, porque não dar lá um salto?

Claro que aquela hora a abadia já estava fechada. Pensei que fosse visível da estrada, como outras onde já tínhamos estado, mas ficava ao fundo de um parque, também ele já fechado. Fechado, mas não selado. Lá encontrei um buraco entre as grades e esgueirei-me lá para dentro. O meu P, que não é tão aventureiro, ficou no carro. Fiz a reportagem fotográfica possível, atento a ver se não aparecia algum guarda.

Fotos à noite e sem flash ficam uma valente bosta, mas este é o aspeto da Abadia de Dryburgh

O dia parecia mesmo um neverending day (tal como este post). A recepção do Melrose Hostel (19€ a cada um, em quartos de 8 pessoas), onde íamos ficar, a uns 10km dali, fechava às 23h. Faltavam 5 minutos. Lá fomos a abrir por mais uma série de caminhos de cabras, e quando chegámos lá estava um rapaz a fechar a recepção. Quando nos viu a chegar perguntou se éramos os portugueses. Estava bem disposto, apesar de termos chegado mesmo em cima da sua hora de saída. Conversa puxa conversa, ficámos a saber que era um espanhol que se tinha apaixonado por uma escocesa e estava ali para melhorar o inglês e ganhar uns trocos.

Enquanto eu preenchia a papelada do hostel e ele metia os dados no computador, o P foi trazendo as malas, e também o saquinho do supermercado com as nossas pizzas para o jantar. Aí foi o pânico. A cozinha do hostel já estava fechada, as pizzas estavam congeladas e nós esganados com fome! 

O espanhol foi um bacano, abriu a porta da cozinha, piscou-nos o olho e disse 'Acho que hoje me esqueci de fechar a cozinha'.

sábado, 11 de agosto de 2012

Late Update

A última mensagem deste blog foi publicada há quase 6 semanas. De lá para cá a minha vida mudou de forma a que o blog ficou para segundo plano. Desde há seis semanas que mudei de emprego, e não tem sido fácil gerir os meus horários novos, completamente diferentes do emprego anterior, com os do meu rabbit. Por isso, e porque o dia tem apenas 24 horas e eu passo pelo menos 5 a dormir, tendo de escolher entre o P, a família e os amigos, e as horas de soneca, não tem sobrado tempo para o blog

Faltam-me dois dias da viagem à Escócia para relatar, continuo a preparar a United State of Bunnies trip, tenho mais meia dúzia de coisas para partilhar aqui com vocês e, sobretudo, tenho tantos posts vossos para ler... Boa sorte para mim!

Ah, a participação nos Jogos Olímpicos está a correr bem!