dois coelhos

Esta é a nossa história, dois rapazes destinados um para o outro, que se conheceram quando um tinha 20 anos e o outro 26.
Desde esse dia que a nossa vida mudou para sempre! E vocês são as nossas únicas testemunhas!

domingo, 24 de junho de 2012

Escócia 3


Depois de uma noite de directa, na segunda noite lá consegui dormir um bocadinho, mas ainda pouco. Acordámos cedo, porque seria um dia bastante preenchido.
Depois do pequeno almoço saímos para a cidade. O bilhete do autocarro era válido por 24 horas, e tinha sido estrategicamente comprado a meio da manhã da véspera de forma a permitir que no dia seguinte ainda o pudéssemos usar.

O nosso destino era a atração número 1 em Edimburgo, o Castelo, mas antes ainda parámos para visitar a Igreja de S. João Evangelista.


Chegámos ao Castelo de Edimburgo por volta das 9h, tal como tinha planeado. Já havia bastantes pessoas na fila para entrar (não tantas como a loucura do Alhambra), mas as portas só abriram às 9h30. Lancei-me imediatamente para uma bilheteira especial... a bilheteira do Explorer Pass. Basicamente é o seguinte: o bilhete para o Castelo de Edimburgo custa quase 20 euros, sem redução para estudante (já não somos estudantes, mas ainda temos cartões válidos!). O Explorer Pass custa 28 euros para estudantes, e permite entrar em 78 atrações do património escocês, em três dias num intervalo de cinco. Ora, o nosso percurso de carro não foi feito ao acaso, tive em consideração isso, de forma a aproveitar os três dias de utilização do cartão. Por isso era fundamental deixar o castelo para este dia e começar logo de manhã cedo. Estás a apanhar as dicas Arrakis?

O Castelo de Edimburgo está no cimo de um vulcão extinto, um local que confere vantagem competitiva em termos defensivos, e boas vistas sobre toda a cidade. Não fosse as nuvens e chuviscos constantes, e até poderíamos ter aproveitado mais.
O castelo alberga as Jóias da Coroa Escocesa e a Pedra do Destino (cliquem no link e leiam a história toda à volta da pedra). Para além disso podem ser visitados os Apartamentos Reais, o Memorial de Guerra Escocês e três museus militares. Há ainda a 'Prisão de Guerra', uma representação de como era o dia a dia dos prisioneiros de guerra (sobretudo os americanos independentistas), nas masmorras do castelo.









Por falar em masmorras, era impossível não falar de fantasmas, ou não fosse o Castelo de Edimburgo considerado como o local mais assombrado da Europa (para quem não sabe, eu tenho a paranoia de explorar sítios assustadores). Alexander Stewart, duque de Albany escapou das masmorras deste local, apunhalando e queimando os guardas. Lady Janet Douglas morreu ali, acusada de bruxaria. Há ainda associado a este castelo a história do flautista escocês anónimo que passou por uma das passagens subterrâneas do castelo e desapareceu para sempre. Este é um dos locais em que os acontecimentos paranormais se sucederam sem explicação. Há testemunhas que revelaram ter vivido o maior pesadelo das suas vidas dentro deste castelo. Desde avistamentos de figuras sombrias, a quedas bruscas de temperatura ou alguém a puxar-lhes a roupa, tudo tem sido relatado. Nós bem procurámos, mas não encontrámos nada de paranormal ali no castelo. Mas houve outro sítio onde encontrámos...


Cerca de duas horas depois saímos do castelo. Eram os últimos momentos em Edimburgo. Aproveitámos para tirar mais umas quantas fotos, enquanto apanhámos pela última vez o autocarro turistico. Saímos na paragem mais próxima da Thrifty rent-a-car, onde tinha alugado um compacto de 4 portas com ar condicionado durante 72 horas por 115 euros. Era o segundo mais barato disponível no site, e estava um bocado receoso da história de conduzir pela esquerda.


No stand da rent-a-car simpatizei com o rapazinho que estava ao balcão. Conversa-puxa-conversa, ah e tal de onde é que vocês são, somos de Portugal, já lá esteve?, fui ao Algarve jogar golfe... eu não percebo muito de golfe. Devo ter dado meia dúzia de tacadas na vida. Mas não sou burro, e no que toca a golfe sei três palavras chave: swing, handicap e putters and chippers. Posso não saber bem o que significam, mas naquele momento isso não interessava nada. Mandei com os bitaites cá para fora, ele achou piada, ia falando e eu respondendo sem saber muito bem o que estava a dizer e no momento de receber a chave do nosso bunnycar escocês ele diz-nos 'temos o prazer de vos oferecer um upgrade gratuito'. 


Entrei no carro, tentei não dar 'muita cana' na minha insegurança, e com o GPS lá nos orientámos até à via rápida. De vez em quando lá ouvi umas buzinadelas, mas 'os cães ladram e a caravana passa'. 43 km depois, que levaram cerca de uma hora a percorrer, chegámos ao primeiro destino: a Falkirk Wheel, uma obra de engenharia ímpar que permite a navegação nos canais escoceses apesar dos desníveis (através de um post do Pinguim sobre viagens descobri um sistema diferente mas com a mesma finalidade em Nivelles). 
Tivemos a sorte de chegar no momento em que o sistema ia ser posto em funcionamento, e lá vimos a roda gigante a levar os barcos de um lado para o outro. Num pequeno museu era explicado toda a história sobre aquela estrutura e a importância económica e histórica dos canais escoceses. No máximo, ficámos ali 20 minutos. Foi suficiente.


Mais 20km e chegámos ao Stirling Castle, um dos que nos recomendou o Francisco. A visita ao castelo custava 16 euros, mas como tínhamos o Explorer Pass não pagámos mais nada. No entanto, Stirling ainda  entrou nas contas, porque o parque do castelo custou 5 euros.

O Castelo de Stirling não fica atrás do de Edimburgo, com a vantagem que imensos atores representavam personagens de época em cada sala do castelo e explicavam os costumes da época, num ambiente muito animado. Do castelo a vista também era impressionante, sobretudo para o campo da batalha da Ponte de Stirling,onde William Walace (personagem interpretada por Mel Gibson no Braveheart) em 1297 deu uma coça aos ingleses.




Robert the Bruce e o monumento a William Wallace ao fundo



Ainda tivémos tempo para um cafézinho no castelo (o almoço tinha sido pão com queijo e fiambre que tínhamos comprado na véspera no Sainsbury e que comemos no carro quando vínhamos da Falkirk Wheel), e seguimos viagem para o próximo posto. Às 16h30 tínhamos de estar em Crieff, a 40km, para o último tour do dia da Destilaria Glenturrent, onde é produzido o whisky The Famous Grouse.  Chegámos lá cerca de 5 minutos antes. 


Também aqui houve uma feliz coincidência. Inúmeras vezes pensei em comprar o bilhete para a The Famous Grouse Experience pela net, não fosse a coisa esgotar e ficar agarrado, porque o percurso de carro estava estabelecido de uma forma algo rígida. O preço da The Celebration Tour era quase 15 euros por pessoa. Acabei por não comprar pela net. Na noite da insónia, enquanto desfolhava os folhetos que tinha ido buscar à recepção do hostel, encontro um vale de 2 por 1 precisamente para o tour que queria do Famous Grouse. Assim, o tour saiu-nos por 7,5 euros cada, e para além de termos ficado a conhecer todo o processo de produção do whisky (na verdade é um blend), provámos 5 whiskies diferentes e a guia ainda nos ofereceu os copos que usámos (na loja custavam 4,20 euros). 




O tempo passou a voar e quando dei conta já estavamos atrasados para o destino seguinte, o Scone Palace, a 35km dali. Quando lá chegámos já passavam 15 minutos da última admissão e não nos deixaram entrar, apesar do choradinho que fiz. :( Fiquei triste, não tanto pelo palácio em si, mas pelo labirinto que tem no jardim e que me tinha deixado muito curioso. Enfim, não havia nada a fazer. Parámos um pouco à frente para o P me confortar pela falha, comemos mais qualquer coisa e seguimos caminho.

O Scone Palace que não conseguimos visitar


Como nos sobrou algum tempo, passámos por Perth, uma cidade pequena e simpática nas margens do rio Tay, onde parámos no Tesco para comprar qualquer coisa para cozinhar para o jantar e para comermos no dia seguinte (15 euros). 



Ficámos em Dundee, outra cidade simpática, num dos melhores hostels onde já dormi, o Dundee Backpackers, num quarto duplo, por 50 euros.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Escócia 2


Uma das (poucas) coisas boas do Caledonian Backpackers hostel é que tinha pequeno almoço eat-as-much-as-you-can de torradas, nutela, manteiga e compotas, e café, leite e sumo de laranja. Claro que não só fizémos jus ao motto eat-as-much-as-you-can, como levámos algumas sandes para comermos durante o dia. Era 6ª feira, e tinhamos exatamente 28 horas para explorar Edimburgo. Apesar de ser contra a minha natureza, a experiência em Budapeste e em Málaga (esta de uma forma muito original) levaram-me a admitir as evidências: apanhámos o autocarro turístico. Por 14£ (17,4€) comprámos o Edinburgh's 24 hour Grand Ticket, que permitia 24 horas em 5 diferentes circuitos, alguns com comentários em português.


Saímos junto ao novo edifício do Parlamento Escocês, um edifício inaugurado em 2004, e que juraria que já vi no Melange do Arrakis, mas não encontro. Não entrámos no edifício, mas tal como por fora, por dentro deve ser muito agradável.


Em frente fica o museu de ciência Our Dynamic Earth. Entrámos, mas não passámos das bilheteiras. Já estive em vários museus de ciência, o mais proeminente dos quais o de Londres. O preço de quase 14,5€ por entrada associado às centenas de criancinhas presentes levaram-nos de novo para a rua.

Começámos então a subir a colina do Arthur's Seat, uma das duas colinas que domina a cidade (a outra é a do castelo). Não é difícil, à primeira vista, subir os seus 250 metros de altura, mas se adicionarmos uns chuviscos irritantes e um caminho cheio de lama então torna-se uma pequena aventura. A vista de lá de cima deve ser gira num dia de sol.

Voltámos para baixo rapidinho, não fosse o São Pedro mandar o dilúvio final e nós ficarmos encharcados. Não fizemos a coisa por menos e parámos logo no Palácio de Holyrood, a residência oficial de Sua Majestade a Rainha Isabel II na Escócia. Por cerca de 12 euros, visitámos a simplória toca da rainha (isto até soa pornográfico), com direito a audiotour que nos ajudou a perceber como é que Mary, Queen of Scots, perdeu a cabeça (literalmente).

Igualmente interessante é a Abadia de Holyrood, em ruínas, com uma atmosfera quase mágica. São imensas as histórias à volta de fantasmas que habitam a abadia, e é impossível dar um passo sem pisar um túmulo.



Depois de uma volta pelos jardins do palácio apanhámos de novo o autocarro, até à principal rua de Edimburgo, a Princes Street. Ali apanhámos outro autocarro, passando pelo Jardim Botânico Real (o Kew Gardens mete este e qualquer outro a um canto!) até à zona do Newhaven Port, onde está o Iate Real Britannia, que serviu a rainha até 1997. Nem saímos do autocarro, não fazia questão em visitar o iate além de que o tempo estava todo contadinho. À medida que o autocarro ia percorrendo as ruas da cidade iamos ouvindo as descrições do que íamos vendo, através dos auscultadores. Já o disse, é uma forma de turismo que não me agrada, gosto de percorrer as ruas a pé, com o guia na mão, de me perder e descobrir novos sítios, de falar com os locais e visitar sítios off-the-beaten-track. Também nisto, como em muitas outras coisas, temos as nossas diferenças, mas acho que também é isso que nos complementa.

De volta ao centro da cidade, subimos a Cockburn Street até à High Street, e depois em direção à St. Giles Cathedral e à estátua do 'pai da economia moderna' Adam Smith, o tal que dizia que a mão invisível do mercado era suficiente para equilibrar a economia. É pena que não esteja cá hoje para ver como é...




Mais à frente caiu uma chuvada torrencial, e entrámos naquilo que pensámos ser outra igreja, mas afinal era um bar e restaurante super original, o The Hub, a fazer lembrar o Bazar de Amsterdão.

Descendo um pouco mais fica a estátua do Greyfriars Bobby, um cão que guardou durante 14 anos o túmulo do seu dono, até ele próprio morrer. Já diria a avó do Francisco, 'Fieis só mesmo os cães!', lol.

Logo ao lado fica o National Museum of Scotland, e andando mais um bom bocado chega-se aos Regent Gardens, onde ficam alguns monumentos: o Nelson Monument, o National Monument e o City Observatory.  Este último já estava fechado quando chegámos, mas os outros são de livre acesso e passámos por lá um bocado, até porque a vista para a cidade também é gira. Foi lá que descobrimos um canhão português, que depois de viajar pelo mundo acabou em 1886 por 'assentar arraiais' em Edimburgo.



Entretanto o tempo começou a piorar novamente e voltámos para a cidade, pela Princes Street. Parámos na HMV (que é a loja preferida do meu coelhito em terras de sua majestade) enquanto chuviscou com mais intensidade, depois explorámos por ali o Scott Monument, antes de irmos à procura do Sainsbury para fazer as compras para o jantar. Ainda antes das compras passámos na St. Andrew Square, onde estava a decorrer a exibição de um filme ao ar livre. O filme era o Grease, e achei espantoso a quantidade de pessoas que ali estavam, à chuva, a ver o filme (eu também lá quis ficar, mas o P estava demasiado incomodado com a chuva).



No Sansbury comprámos uns bifes panados e arroz para cozinharmos para o jantar lá no hostel. Os ingredientes todos ficaram em cerca de 10 euros.