O Centro Histórico de Córdoba é relativamente pequeno, pelo que não é fácil imaginar que esta cidade já foi a maior do mundo.
Córdoba foi fundada em 152 AC, e (lição de história a jeito dos meus caros Pinguim e Mark, saltar este parágrafo se história não é a vossa praia) rapidamente se tornou a capital da província de Baetica. Em 711 foi conquistada pelos mouros, tornando-se capital islâmica da Península Ibérica. Em 929 Abd ar-Rahman III nomeou-se a si próprio califa, para assegurar a independência da Al-Andaluz dos califas Abbasid de Bagdad. Foi nessa altura que Córdoba era a maior cidade do mundo, com exuberantes mesquitas, bibliotecas, observatórios e aquedutos, uma universidade e artesãos exímios em peles, metais, têxteis e azulejos. No final do século X, Al-Mansour tomou o poder e espalhou o terror nas regiões ainda cristãs da península. Quando destruiu a catedral de Santiago de Compostela, os seus sinos foram carregados por escravos cristãos para Córdoba, e pendurados de pernas para o ar, usados como enormes candeeiros de azeite na mesquita.
Como depreendem, mais uma vez a herança islâmica é presença dominante da arquitetura tradicional da cidade. Dentro do centro histórico, após passadas as muralhas, estendem-se uma série de bairros designados pelos nomes das comunidades que lá habitavam. O maior é, sem dúvida, a Judiaria, e foi precisamente por esse labirinto de ruas estreitas e pequenos largos, casas brancas com floreiras coloridas em todo o lado. Visitámos a Casa Andaluza, uma casa do século XII em estilo islâmico; e a Sinagoga, do século XIV, uma das poucas sinagogas medievais sobreviventes em Espanha.
Algumas ruas mais abaixo encontramos o ex-libris da cidade, a Mesquita. Não é fácil poupar palavras quando se fala da Mesquita de Córdoba, mas para não vos aborrecer muito digo-vos que, no século XVI, quando parte da Mesquita foi destruída para dar lugar à atual catedral, o rei Carlos I de Espanha disse ao clero "Vocês destruíram algo que era único no mundo".
Casa Andaluza |
Sinagoga |
Depois de uma pausa para café e gelado, seguimos em direção à Ponte Romana e Torre de la Calahorra.
Após a visita à torre e a sessão fotográfica na ponte fomos até ao Alcázar de los Reyes Cristianos (Cp, onde andas tu???), um palácio fortificado do século XIII, de onde era dirigida a 'Santa Inquisição' de 1490 até 1821.
Faltava-nos ir à Plaza de la Corredera, uma praça do género das Plazas Mayores de Salamanca, Madrid e Barcelona. Não é tão gira como as outras, e a valente chuvada que caiu enquanto íamos para lá também não foi muito excitante.
Às 18h30 saímos de Córdoba. Para garantir que íamos bem alimentados voltámos ao restaurante chinês do dia anterior, e repetimos a dose. Até Granada ainda foram 215 km. Chegámos ao Hostal Atenas quase à 1 da manhã, depois de uma série de voltas à procura de um sítio para estacionar (não foi nada fácil). Foi a noite em que dormimos menos. E não, não é pelo motivo que estão a pensar... ;)
Obrigado pela lição de História, devidamente apreciada.
ResponderEliminarDe Córdova vi pouco, mas claro o destaque vai para a Mesquita, que é única...
As ruas estreitas são lindas e deram-me a oportunidade de, por um mero acaso, pois sou um fotógrafo amador, tirar a melhor foto da minha vida.
E fiquei num maravilhoso hotel, pois nesse tempo tinha possibilidades que hoje não possuo...
Fiquei curioso em relação a esse fotografia, mas toda a cidade, e não só a Mesquita, é muito fotogénica.
EliminarExcelente análise! :) O melhor de tudo é que contextualizas devidamente as viagens, enquadrando-as historicamente. Sabes, acho que mesmo para quem não gosta de História, é sempre importante saber o que deu origem a determinada coisa. O factor determinante para a construção do monumento X, os circunstancialismos sociais para o surgimento do monumento Y e por aí em diante... :)
ResponderEliminarGostei bastante da frase atribuída a Carlos I de Espanha (V do Sacro Império Romano-Germânico). Devo dizer que não conhecia e que se trata de uma afirmação surpreendente, tendo em consideração que se tratava de um príncipe cristão.
:33
Eu gosto de história sobretudo quando posso relacionar com qualquer coisa que conheço. É o que acontece nestas viagens. Leio os guias de ponta a ponta, uso audioguias ou vou em visitas guiadas. E adoro aprender coisas novas!
EliminarAdorei ;)
ResponderEliminarAbraço
Também nós!
EliminarEstive há muitos anos em Córdoba mas foi de fugida e só me lembro da Mesquita que é assombrosa. Tenho de lá voltar.
ResponderEliminarNão desfazendo no resto da cidade, mas a Mesquita ofusca qualquer outra atração.
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