dois coelhos

Esta é a nossa história, dois rapazes destinados um para o outro, que se conheceram quando um tinha 20 anos e o outro 26.
Desde esse dia que a nossa vida mudou para sempre! E vocês são as nossas únicas testemunhas!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Escócia 4

Dundee, a cidade onde ficámos na primeira noite fora de Edimburgo, é a 4ª maior cidade da Escócia, 38ª no Reino Unido. Em comparação com Portugal é equivalente sensivelmente a Odivelas ou Santa Maria da Feira.

Depois de termos tomado o pequeno almoço no hostel, com as coisas que tínhamos comprado no dia anterior, saímos para uma pequena exploração da cidade (que em abono da verdade não tem muito que ver). Começámos logo pelo habitante mais famoso da cidade, o Desperate Dan, um personagem de uma banda desenhada popular no Reino Unido, The Dandy. Mais à frente o City Hall e o Caird Hall, principal centro de espetáculos local e a igreja de St. Mary (a torre é do séc. XV e é o edifício mais antigo da cidade). Em menos de  uma hora estava tudo visto.



A paragem seguinte foi St. Andrews, a 25 minutos, uma pequena vila com uma grande história. Com cerca de 1100 anos, St. Andrews alberga a mais antiga universidade da Escócia, foi capital religiosa e teve a maior catedral do país (hoje em ruínas), e é considerada o berço do golfe (mais uma vez, o golfe a surgir nas nossas férias). Aqui foram definidas as regras deste desporto, e é aqui a sede da organização mundial que controla o golfe (tipo a FIFA para o golfe).

Mas claro, não fomos a St. Andrews para jogar golfe. Fomos para visitar o Castelo (quase 7 euros, ficou gratuito com o Explorer Pass), local de residência dos bispos e arcebismos da diocese, e também prisão, com uma rede de túneis secretos,

Um pouco de photoshop e parece logo um sítio diferente

e a Catedral (5,50€, também ficou gratuito), um dos sítios mais fotografados do país, e que também integra a lista dos mais assombrados,. com uma série de túmulos, incluido o sarcófago de Santo André.




Do cimo da torre de St. Rule tem-se uma vista espetacular, e naquele dia tivémos sorte com a meteorologia.

Ainda demos uma volta pelo centro da vila, pouco maior que Óbidos, com um ar muito agradável e florido.
Um aviso com muito sentido de humor

Às 11h30 voltámos ao bunnycar, para percorrer os 50km até ao Glamis Castle, o palácio onde cresceu a Rainha Mãe e onde nasceu a Princesa Margarida, falecida irmã da Rainha Isabel II. Neste palácio, como é propriedade privada do clã , tivémos de pagar os 11,25€ de bilhete. Por sorte chegámos mesmo em cima da hora de uma visita guiada.


Adorámos o palácio. Além da importância histórica que na formação não só da Escócia mas do Reino Unido, a guia (peçam para conhecer a Vicka) era superdivertida e contou-nos imensas histórias e lendas sobre o palácio. Por exemplo, visitámos a pequena capela do palácio. Numa das cadeiras, diz-se que se sente uma corrente de ar particularmente estranha (sentei-me lá e não senti nada). Era nessa cadeira que se sentava Janet Douglas, mulher do 6º Lorde de Glamis, e que morreu assada num espeto (credo!), acusada de bruxaria. Diz-se que por vezes, ao entardecer, ela surge à janela da capela; o palácio é conhecido por ter algumas passagens e quartos secretos. A pouco e pouco todos foram desvendados excepto um, que se encontra protegido por uma parede com 5 metros de espessura. Sobre esse quarto há duas teorias, qual delas a melhor... uma teoria diz que em 1821 nasceu no castelo uma criança completamente deformada, de tal forma que lhe chamaram o Monstro de Glamis. A versão oficial é que a criança morreu poucos dias depois do nascimento, mas entre os criados acreditava-se que a criança foi mantida e cresceu em segredo, neste quarto secreto, sem permissão para sair. Quando se passa na sala de armas ao lado, a certas alturas do dia, ainda se ouve o Monstro de Glamis a chorar.
Entretanto, criados com mais imaginação criaram o mito que em cada geração nascia na família uma criança vampira, que era emparedada neste quarto. Finalmente, ainda à volta deste quarto, está documentado (e é dado como verídico) que morreram à fome os Ogilvie, um clã que para se proteger de um clã rival que ia tomar o palácio se emparedaram ali. No entanto, a melhor história ficou para o fim. O Conde Beardie foi um dos hóspedes do palácio, e consta que ainda lá está. Numa noite de copos o conde quis jogar às cartas, mas por ser sabbath não arranjou companheiro. Então o conde, furioso, disse que jogaria com o próprio diabo. Um estranho apareceu então à porta do palácio, a oferecer-se como parceiro de jogo para Beardie. Fecharam-se numa sala a jogar, e passado algum tempo os empregados ouviram gritos e maldições. Um empregado que espreitou pela fechadura ficou cego. Diz-se que o diabo levou a alma do conde, mas que ainda hoje se ouve os dados a rolar e as cartas a serem lançadas.

Demos uma volta pelos jardins do palácio enquanto bebíamos um cafezinho, porque apesar de serem quase duas da tarde não tínhamos almoçado.
Estas simpáticas vaquinhas pastavam nos terrenos do palácio

Depois o P preparou as tradicionais sandwiches de queijo e fiambre enquanto eu conduzia pelos 85km de estradas locais cheias de curvas pelo Cairngorms National Park até ao Palácio de Balmoral (levámos quase duas horas a chegar, até porque o GPS se encarregou de nos mandar por uma estrada de terra batida que depois de 5 km não tinha saída).

Não é só nas grandes cidades que há as tradicionais cabines vermelhas

O bunnycar num caminho de cabras...

A última admissão era às 16h. Passavam 5 minutos quando finalmente chegámos às bilheteiras (8,75€, já com o desconto de 1£ por termos ido ao Glamis Castle), que ficam ainda a uns 2km do palácio. O choradinho já ia treinado e desta vez não falhou, a senhora da bilheteira achou tanta graça à nossa história que nos deu uma autorização para estacionarmos no parque dos funcionários e disse quais eram as atrações que devíamos ver primeiro por fecharem as portas às 17h. 'Deixem os jardins para o final' recomendou ela. Com os audioguias pendurados ao pescoço, lá começámos pelo Salão de Baile, onde para além de porcelanas reais e estátuas de prata estavam expostos uma série de vestidos e chapéus da rainha, a propósito da celebração do seu jubileu. Duas vezes por ano (no início e no fim da sua estadia de verão em Balmoral) a rainha organiza aqui um bailarico.




Depois passámos pela Sala dos Coches, que para além dos coches reune também uma coleção de fatos de caça e animais empalhados, de um gosto duvidoso.

Nos estábulos estavam alguns dos cavalos da rainha, que não resistimos a alimentar com palha, apesar de não ser permitido.

Depois demos então uma volta pelos jardins, que terminavam junto a um rio, com algumas estufas frias dispersas, enquanto iamos ouvindo o audiotour. A parte mais curiosa sobre Balmoral é esta: o palácio é considerado uma propriedade privada, propriedade da família real, não fazendo parte do royal estate, o imobiliário real, como o Palácio de Buckingham, Kensignton, Windsor and so on. Por isso, quando o Rei Eduardo VII abdicou do trono para casar com Wally Simpson (viram o Discurso do Rei?), achou que Balmoral lhe pertencia por herança e não abdicou da propriedade. Para evitar o escândalo de Balmoral deixar de ser Residência de Férias do Rei o irmão de Eduardo VII, Jorge VI, pai da 'Isabelinha', teve de lhe comprar o palácio e os terrenos envolventes.

Saímos de Balmoral já depois das 18h, mas como não tínhamos hora para chegar ao próximo destino, Inverness, seguimos pelo caminho mais longo, de 125km, com algumas paragens pelo meio. Quando chegámos a Inverness era de dia, por isso deu tempo de ir ao Inverness Student Hostel (2 camas em dormitório 40€) fazer check in, sermos atendidos por uma senhora charradíssima até ao tutano que se enganou 20 vezes a confirmar a reserva e nos deu vários pares de chaves para as mãos, e ainda ir explorar um bocado da cidade.

Inverness não tem grande coisa para ver dentro da cidade. Demos uma volta pelo castelo (que atualmente é usada como sede da polícia local e não pode ser visitado) e pela zona ribeirinha da cidade. Fomos até ao Tesco (no Reino Unido os hipermercados estão abertos 24 horas por dia!) e comprámos um luch box de comida indiana para 2 por menos de 9 euros, que preparámos na cozinha do hostel enquanto uma inglesa amassava pão para o pequeno-almoço do dia seguinte.