Um pequeno almoço cheio de cores... ou de químicos. |
Porque esta zona já é deserto, a amplitude térmica é enorme. Às 8h30 da manhã, quando lá chegámos, o termómetro marcava 4º, mas o vento fazia parecer mesmo temperaturas negativas. Após pouco mais de 1 km a pé num trilho de terra batida, chegámos finalmente ao pé da 'ferradura', e só foi pena a nossa pobre máquina fotográfica não ter objectiva grande angular.
300 km depois, com uma paragem em Kayenta, a única vila da Reserva Navajo (é uma região semi-autónoma, 92% da população são indíos nativos americanos), chegámos ao início da estrada US 163, uma das estradas mais icónicas do mundo, associada ao imaginário do far-west e do interior americano. É fenomenal conduzir por rectas a perder de vista (chegam a ter mais de 100 km), serpenteando as imponentes rochas vermelhas, em estradas completamente desertas.
Voltámos a Page a meio da tarde, porque ainda nos faltava ver uma das cenas mais espetaculares do mundo, o Antelope Canyon. O P stressou porque, no meio de um cenário do género The Hills Have Eyes (um filme bem assustador), eramos os únicos dois clientes para fazer a visita guiada (única forma de visitar o canyon), com um índio com ar de serial-killer, e tivémos ali uma pequena discussão, mas acabámos por ir. O local propriamente dito do Antelope Canyon (20€ a cada, os índios pagam-se bem) fica ainda a uns 5 km do parque de estacionamento, e essa parte do percurso foi feita num jeep sem qualquer tipo de suspensão, numa estrada que parecia uma montanha russa. No entanto, só vos digo, foi das coisas mais espetaculares que vi na vida. Não há imagens que transmitam a grandiosidade do sítio. Sem grandes palavras, vejam as fotos...
Saímos de Page aí pelas 17h, e pela frente tínhamos uma viagem de quase 600 km, até à entrada na Califórnia. O percurso passava obrigatoriamente Las Vegas, por isso ainda fizémos o desvio para passar na strip uma vez mais, antes de ir para Tecopa, uma aldeia de 100 habitantes no Deserto de Mojave, já na entrada do Death Valley, Califórnia.
Ainda em Las Vegas, telefonei à Cynthia, a gerente do único hotel e hostel aberto nesta altura do ano num raio de quase 80km, a avisar que chegaríamos mais tarde do que o suposto. Ela disse para não nos preocuparmos. Nesta altura do ano não tinha muitos clientes (na verdade não tinha nenhum), e deixaria a chave do hostel escondida junto à caixa do correio.
Chegámos a Tecopa quase à meia-noite. Nos últimos 30km não nos cruzámos com nenhum carro. A aldeia não tem iluminação pública, não se via vivalma, apenas um céu estrelado espetacular, e lá ao fundo o clarão de Las Vegas, a mais de 100km. Mais uma vez o cenário era assustador, mas o cansaço era tal que nem liguei muito a isso. O 'hotel & hostel' era na verdade um conjunto de velhas roulotes atreladas umas às outras. Enfim, por 16€ cada, de que é que se estava à espera?