dois coelhos

Esta é a nossa história, dois rapazes destinados um para o outro, que se conheceram quando um tinha 20 anos e o outro 26.
Desde esse dia que a nossa vida mudou para sempre! E vocês são as nossas únicas testemunhas!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Nova Iorque 1

Como já é habitual, a saída de casa foi o pânico do costume. Depois de semanas a planear os 5 dias em Nova Iorque consegui fazer a proeza de deixar o mapa onde tinha assinalado os 57 pontos de interesse em casa (e ainda levei nas orelhas do meu coelho que sou despassarado). Levei apenas um mapa onde tinha os pontos assinalados, mas sem a respetiva legenda, o que até se tornou divertido, porque por vezes não sabiamos bem o que é que estávamos à procura. De qualquer forma, com a tempestade que se avizinhava, nem sabia se ia ver sequer algum dos pontos de interesse.

No aeroporto não houve stresses, e o voo não atrasou muito. Aterrámos em Newark às 16h. Estava sol, mas frio. Logo no controlo de passaportes começou a fita: tinhamos preenchido o formulário de entrada no país, mas no sítio da morada tinha posto apenas Manhattan. O bruta-montes do funcionário não gostou e desatou a fazer perguntas de onde íamos ficar, deu-me uma branca e não conseguia lembrar-me do nome nem da morada do nosso anfitrião, que estavam na mala de porão. Acabei por inventar uma morada ao acaso, que o tipo preencheu no papel e lá nos deixou sair.

Em qualquer sítio onde vá, deliro a olhar para estes painéis!
Por 9.80€ apanha-se o comboio do aeroporto de Newark para a Penn Station de Nova Iorque, a estação de combóios mais movimentada dos Estados Unidos (em Newark também há uma Penn Station, e o comboio também pára lá). 30 minutos depois estávamos no centro de Manhattan. A casa do nosso anfitrião ficava a 10 quarteirões dali (1 km), em pleno bairro de Chelsea, já perto da Village, uma zona muito gay friendly. Fizemos esse caminho a pé (até foi rápido) e lá fomos bater à porta do Jack.


O Jack é um texano de 47 anos, professor de história e voluntário do projecto It Gets Better. Já esteve em alguns dos sítios mais inóspitos do planeta (tem vídeos com pinguins que são de chorar a rir), e aí mesmo gravou alguns dos seus filmes do youtube mais icónicos. Começa-se a falar com ele e a conversa flui sem darmos conta, por horas e horas. Identifiquei-me bastante com ele. Quando lhe perguntei se estava sozinho na vida, encolheu os ombros e disse 'Não há muitos gays com os mesmos gostos que eu, que gostem de grandes caminhadas e expedições de mochila às costas'. Não queria acreditar. Até aquele momento tudo o que o Jack dizia era como eu me imagino daqui a 20 anos e de repente senti-me tão sozinho no mundo...

A casa do Jack é umas casas mais pequenas que já vi (menos de 40 metros quadrados), tão pequena que não resisto a mostrar a planta. Ainda assim, tem lareira (deu um jeitão quando ficou sem eletricidade), tem um quarto com uma vista espetacular (sobretudo à noite) e... custou  350000€. 'É um investimento para a vida, e moro onde gosto!' Para além do Jack vivem lá em casa dois gatos, que não hesitaram em nos saltar para o colo assim que nos sentámos no sofá. À noite acabaram por ter de ficar no quarto do Jack, porque literalmente os gatos não nos largavam!

Esta era a vista da janela do quarto do Jack. À noite era ainda mais espetacular!

O sofá onde ficámos, mesmo em frente à lareira

28 comentários:

  1. Awwwn! *_*

    Por este breve capítulo, tenho uma pequena ideia do que terá sido essa aventura nos E.U.A! O mais engraçado de tudo são mesmo esses imprevistos. xD No fundo, até dão um outro sabor. É sempre bom, digo eu, ter peripécias para poder contar. :)


    A casa do Jack é pequena... mas comparativamente à zona!... Imagino o que não custará um apartamento "modestamente" maior a um quilómetro de Manhattan! :D


    :3

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    1. A zona é caríssima, aliás, como toda a Manhattan. Quando andei em Londres à procura de casa (as coisas que eu já fiz...) os agentes imobiliários diziam frequentemente 'há trêm factores importantes quando à escolha de casa: localização, localização e localização'.

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  2. Que belo começo de aventura!
    Procurei o canal do Jack no Youtube, mas não consegui encontrar...
    Podes dizer-lhe que do outro lado do oceano há mais um de mochila às costas.
    O apartamento é pequeno mas muito simpático.
    Nova Iorque é linda nas imagens, mas é muito fria num inverno sem aquecimento. E extremamente cara na habitação (e provavelmente no custo de vida).

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    1. Ainda bem que há mais gays de mochila às costas, um dia temos de combinar um acampamento. ;) O apartamento, apesar de minúsculo (a cozinha tinha pouco mais de 1 m^2) era tão acolhedor, sobretudo com a lareira acesa... hmmm...

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    2. Eu prefiro casas pequenas e acolhedoras.
      Olha, podes partilhar o canal do Jack no Youtube? Fiquei com curiosidade de ver os vídeos.

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    3. Ola! O video estava disponível aqui, mas agora não consigo vê-lo. Ainda tinha algumas falhas de edição, e o Jason disse que ia melhorar alguns aspectos quando tivesse tempo, talvez seja isso.
      http://www.itgetsbetter.org/video/entry/953/

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  3. Finalmente começou a aventura; já não era sem tempo...

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  4. Adorei o apartament! Muito fixe! E como conheceram o Jack?

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    1. Conhecemos o Jack através de um site de couchsurfing. Ando há que tempos para escrever um post sobre isso.

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  5. Ai que nostalgia, com essa foto do Empire :S

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    1. À noite a vista era brutal, as fotos é que ficaram péssimas por causa da poluição luminosa. Deve ser awesome fazer amor com uma vista assim ;)

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  6. Pelo que contas, a viagem começou bem, o Jack uma simpatia e o apartamento muito acolhedor e numa excelente zona da cidade.
    WTF? Não há gays que gostem de fazer caminhadas de mochilas às costas? O que eles estão a perder...

    Nós estivemos lá em Janeiro, nevava e estava um frio de rachar brrr...

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    1. Bem, não sei exatamente que tipo de pessoa é que o Jack procura, ou até mesmo se procura alguém. Depois de estarmos a falar um bom bocado e a ver as fotos das viagens dele, a pergunta surgiu naturalmente, e a resposta dele deixou-me um bocado angustiado, porque até aquele momento estava-lhe com uma inveja da vida dele...

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  7. Deuses, os tipos das fronteiras são do pior, não estás bem a ver o que me chatearam este ano quando disse que ia a uma convenção. São tão tótós coitadinhos.

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    1. São mesmo totós, é uma coisa impressionante. Começaram por perguntar porque não tinha escrito a morada completa, depois queriam saber qual era o hotel para onde íamos, quando disse que íamos ficar em casa de um amigo o gajo levantou a sobrancelha para aí 1 metro, e disse 'E como se chama o amigo?'. O pior de tudo é que com a branca que me deu, nem me lembrava do nome do Jack.

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  8. Muito fixe, desconhecia que os americanos não gostavam de andar de mochila às costas...

    O apartamento é muito fixe, mesmo :)

    Já estou sentado, à espera do desenrolar das vossas férias :)

    Abraço aos dois viajantes coelhos :)

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    1. Talvez não sejam todos os americanos, mas pelo menos os que o Jack conhece, aparentemente. Já que conheces tanta gente, o que achas, há muitos portugueses assim?

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  9. É um facto que não é muito fácil encontrar pessoas que partilhem, genuinamente, deste interesse (paixão?) por pegar numa mala e partir, para sítios inóspitos, isolados ou, simplesmente, diferentes. Sigo há bastante tempo o teu blogue e partilho esta tua vontade incessante de estar já a planear a próxima viagem. Viaje sozinho, ou com outras pessoas, normalmente sou eu que planeio quase tudo... lol Quanto ao apartamento do Jack, morando eu num apartamento tão ou mais diminuto que o dele (embora não em Nova Iorque, of course...), posso gabar-lhe as vantagens: fácil de limpar e de aquecer. E quando não se sabe onde se pôs a chave, não há muito por onde procurar!!! ahaha Tal como os restantes visitantes, ficarei à espera das cenas dos próximos capítulos. Um abraço.

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    1. Ola!!!!! Gostamos muito de te ver por aqui, Mr. Lekker! Em relação ao que dizes, não tenho muita experiência do mundo gay, mas falando na generalidade, no meu grupo de amigos não há ninguém assim com essa filosofia do partir com mochila às costas. Mesmo os inter-railers parece que chegaram aos 26 e perderam o espirito.
      Sem dúvida, a melhor terapia após o regresso de uma viagem é planear a próxima. Infelizmente, ainda não o estou a fazer, porque por cá a situação económica já viu melhores dias.
      Em relação ao teu apartamento, num país que conheço apenas uma pequena parte e para o qual também já tenho um pequeno esboço de percurso a fazer, quem sabe se não se arranjam dois metros quadrados para nós ;)

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    2. Claro que sim. Com muito gosto. Como dizem os espanhóis, "mi casa es su casa". ;)

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    3. Mega :)
      Quem sabe se para o ano que vem não falamos um bocadinho. Seria um first para nós assumirmo-nos enquanto casal para outro tuga.

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    4. Como estou por fora só conto por meio tuga!!! ahahah É um sair do armário luso ou, neste caso, da toca.

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    5. Será uma questão a pensar... De facto, nunca me tinha passado uma ideia dessas pela cabeça. Não sei quando avançaremos com o 'périplo da bota', mas seguramente que vais ter muitas dicas para nos dar nessa altura.

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  10. http://diario7mares.blogspot.pt/2012/12/1selo-campanha-de-incentivo-leitura.html prenda para ti! :)

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  11. Eu só tenho a dizer que tenho muiiiiita inveja. :) Adoraria ir a Nova Iorque nesta altura natalícia :)

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    1. Inveja é coisa feia... Mas podes ir lá em qualquer altura, desde que não haja furacões.

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