dois coelhos

Esta é a nossa história, dois rapazes destinados um para o outro, que se conheceram quando um tinha 20 anos e o outro 26.
Desde esse dia que a nossa vida mudou para sempre! E vocês são as nossas únicas testemunhas!

domingo, 27 de novembro de 2011

Eurobunny tour Amesterdão 2

Por sorte, no dia seguinte era precisamente quarta feira, o dia de folga do Robert, o que significou que tivemos direito a visita guiada. Antes, porém, ele foi levar o namorado Bastiaan ao aeroporto, e nós ficámos por casa a dormir mais um pouco. ;-)

O Robert adora andar a pé e, apesar de não ser natural de Amsterdão, vive ali há tantos anos que se sente um verdadeiro Amsterdamer. À medida que íamos caminhando pelas ruas, ele ia-nos explicando e desfazendo alguns mitos:
  • Amsterdão é a capital dos Países Baixos. Muitas pessoas não ficarão surpreendidas com esta informação, mas algumas (como eu) pensarão Mas então e Haia? Pois, em Haia ficam a maioria dos órgãos de governo do país, porém está constitucionalmente definido que a capital é Amesterdão, o facto dos órgãos de governo não estarem ali sediados é visto apenas como uma espécie de descentralização.
  • O nome correto do país é Países Baixos, apesar de ser comum chamar Holanda. Na verdade, a Holanda é apenas uma das regiões do país.
  • Drogas... esta não era mito para mim, que já lá tinha ido algumas vezes. Haxixe e cannabis são legais, pode-se efetivamente fumar um charro na paz. Os estabelecimentos que os vendem, prontos a fumar ou ao peso, são os coffeeshops. Nestes sítios não é permitido o consumo de álcool. Os cogumelos alucinogénicos já foram permitidos, mas o consumo foi interdito há uns anos, após o suicídio de uma adolescente que teve uma trip demasiado intensa. O Robert muito raramente fuma um charro, habitualmente no verão, com o namorado, no terraço da casa, enquanto vêm as estrelas. Que melosos...
  • Sexo! O Red Light District, um dos bairros de Amsterdão, é particularmente conhecido pela prostituição feita às claras, de um modo que chega a ser chocante. As prostitutas (a versão masculina é mais rara) exibem-se em montras, metem-se com quem passa e olha, e quanto são abordadas abrem uma porta por onde entra o cliente e fecham a cortina da montra. A 'sala de trabalho' é simples, um quarto e uma casa de banho. Quando terminam o serviço voltam novamente para a montra.

O primeiro sítio onde fomos, depois de percorrer algumas ruas com as casinhas típicas, altas e meias tortas, sempre com o gancho do cimo, foi comer a um sítio bem original: uma igreja! Ok, não era bem uma igreja, mas já foi. Nos anos 70 e 80 a Igreja Luterana passou por dificuldades económicas, e vendeu algumas das suas igrejas, que na sua maioria foram aproveitadas, mantendo a estrutura, para restaurantes, bares e discotecas. O sítio onde fomos era um restaurante/bar do médio oriente, chamado Bazar. Nunca tinha estado num sítio assim, mantiveram o coro, o altar, e inclusivamente os bancos dos fiéis. A sacristia é a cozinha, e no púlpito fica o bar. No exterior ainda mantém a imagem de um santo, lol.



Depois do pequeno almoço seguimos o percurso, ouvindo as explicações do Robert. As casas são estreitas e altas porque o terreno e os impostos sobre a área eram caros, pelo que a construção era sobretudo na vertical. Para evitar desperdiçar espaço as escadas de acesso aos vários andares eram minúsculas, e o gancho no cimo do prédio servia para içar tudo o que não pudesse ser levado de outra forma. Em alguns casos ainda se usam, mas a maioria das empresas de entregas têm gruas que levam as coisas directamente à janela de casa.



Por detrás das casas que vemos, há outras. Para não desperdiçar o espaço entre canais (os canais também têm uma história curiosa, mas ficará para outra altura), as famílias mais ricas viviam nas casas 'de primeira linha', e as com menos posses ficavam em casas nas traseiras. Como acontece frequentemente entre comunidades menos abastadas, há um espírito bairrista muito acentuado, e há concursos do bairro - digamos que é um pátio interior - mais florido.


Como não podia deixar de ser, o Robert também percebe imenso de arquitetura e art noveau, e lá ia explicando pormenores arquitetónicos e características das diferentes épocas de construção. Por exemplo, as casas que têm o topo 'em escadinha' são as mais antigas. Inicialmente eram quase todas de madeira, mas depois da cidade ser assolada por um incêndio que quase a destruiu por completo, o tijolo passou a ser o material dominante. Esta é uma das poucas de madeira que resistiu.



Entretanto a fome apertava, e o Robert levou-nos a comer na Universidade de Amesterdão. A comida era boa, essencialmente sanduiches com 'muitos verdes e pouco conduto', como diria depois o meu rabbit.
As pessoas têm todas um ar tão... social, não sei bem como explicar, são afáveis e sorridentes. Digo-vos, se o Holandês não fosse uma língua tão complicada, nem pensava duas vezes (tretas, eu falo Inglês e já tive hipóteses de ir para os Emirados e recusei - o que eu gosto mesmo é de me queixar!).

Depois do almoço continuou o passeio, passando por Nieuwmarkt (mais uma vez, lembrei-me do Psi e da sua saga pelo Theo), e com paragem mais adiante para um cappuccino no bar mais antigo da cidade.

Nieuwmarkt

Numa das principais praças da cidade, a Dam, já estava instalado um mix de feira de Natal e parque de diversões, com montanha russa, roda gigante e outras atrações. Ficámos por ali um bocadinho, e depois continuámos, em direcção à Warmoesstraat, o epicentro gay de Amsterdão. Atrás do Robert, entrámos pela primeira vez juntos numa sexshop, a RoB. Já estive em várias sexshops e até museus eróticos, mas nunca numa especificamente virada para o público gay. Agora digam-me, para que é que acham que isto serve?
Um saleiro? Ou talvez não...


A resposta fica para o próximo post. O meu palpite é que era um saleiro ou pimenteiro, mas estando numa sexshop... humm, não sei não!

Depois das aventuras na sexshop fomos a um centro comercial, o MagnaPlaza, que fica na antiga estação central de correios. Por fora é giro, por dentro é mais ainda e tem uma loja de uma cadeia que gosto, a Giordano.


Já era noite, e fomos petiscar ao Prik!, um bar gay que foi eleito como o melhor bar gay de Amsterdão no ano passado. O bar era simpático, com pessoal novo, naturalmente com bastantes gays, algumas lésbicas e um ou outro casal str8. A música, eletrónica soft, permitia conversar, e os sofás eram óptimos para descansar um pouco.


Já não tínhamos muita fome, mas fomos incapazes de confessar isso quando o Robert nos disse Vamos jantar a um sítio muito especial. Tratava-se de um restaurante etíope, um dos primeiros sítios onde o Robert e o Bastiaan tinham ido jantar. Desconhecia por completo a comida etíope. Em abono da verdade, de comida africana e para além dos PALOPs apenas conheço a tunisina, por termos lá ido em Maio. Assim, foi com alguma expectativa que fomos jantar ao Addis Ababa.

A primeira coisa que digo sobre a comida etíope é que se come com as mãos. No início pode parecer um pouco básico, mas quando se entra no espírito até é engraçado. Mas o que me surpreendeu bastante foi a bebida. Na Etiópia são comuns as cervejas com sabores, eu bebi uma cerveja de côco, e o P bebeu de banana, ambas fantásticas.

A Rembrandtplein é onde se concentram a maioria dos bares e discotecas. Mas há também um ou outro tesouro escondido. Numa porta discreta, entre um restaurante e um bar, fica uma cervejaria tradicional. Grandes alambiques de cobre e um ambiente sóbrio tornavam o espaço, apesar de grande, aconchegante. Cerveja não é bem a minha praia (tirando a da Etiópia, hehehe), mas uma vez que o nosso anfitrião era um expert (eu, pelo contrário, não sei distinguir uma pilsen de uma lager) cada um de nós escolheu uma cerveja diferente, e provámos de todas. Apesar de tudo, não fiz uma má escolha, a cerveja de mel era boa.

Quando saímos da cervejaria já era perto de meia-noite, e apesar de ser quarta feira a Rembrandtplein tinha alguma agitação. Acabámos por entrar numa discoteca, a Escape. Era noite de danças de salão e o cenário era caricato: imaginem uma discoteca apinhada, mas em que as pessoas estão aos pares a dançar um tango (como é que se dança um tango numa discoteca apinhada? talvez seja a vossa pergunta; a minha resposta é: venham à Escape numa quarta!).


Ficámos uns 20 minutos por lá. Nem eu nem o P sabemos danças de salão (se forem danças da terrinha ao som de Tony Carreira o meu lindo dá cartas), quanto ao Robert não percebi se sabia dançar ou não. Ele disse-nos que não, mas entrou no ritmo e começou a dançar com uma facilidade...

2 comentários:

  1. Mas este post mata saudades ehehehh. Tantas vezes passamos por esses belíssimos monumentos!! E o estilo de vida liberal e open minded é algo que dificilmente se encontra em qualquer outro lado.
    Ainda bem que mencionaste o Nieuwmarkt porque eu não fazia ideia do nome. Todos os dias passávamos por lá e apelidavamos o monumento de "O Coiso"! Quando fizemos a visita guiada estávamos desatentos nessa altura e como eu tinha de funcionar como tradutor para a maioria do meu grupo, por vezes escapavam-me coisas.
    Só um apontamento o haxixe não é legal, é descriminalizado :)
    Abraços

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  2. Obrigado pela correção, o haxixe é descriminalizado.

    O que eu mais gosto em Amsterdão é o facto das pessoas sorrirem, não andam de trombas, oferecem ajuda...

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