dois coelhos

Esta é a nossa história, dois rapazes destinados um para o outro, que se conheceram quando um tinha 20 anos e o outro 26.
Desde esse dia que a nossa vida mudou para sempre! E vocês são as nossas únicas testemunhas!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Liar liar

O post anterior, e sobretudo os comentários do Sôfrego e do Pinguim, levou-me a pensar na quantidade de mentiras que sustêm esta realidade em que vivo.
Aparte do facto de estarmos completamente in the closet, e de ninguém à nossa volta sonhar com a nossa orientação sexual, quanto mais o facto de termos uma relação há quase 1 ano (como o tempo passa!), há outras pequenas mentiras que acabam por surgir no dia-a-dia.
Multiplas vezes não chegamos a casa ao mesmo tempo para não dar nas vistas. Um de nós sobe para o apartamento, o outro fica no carro mais uns 10 minutos. Outras vezes evitamos cruzar-nos em casa, ou quando algum dos outros colegas pergunta "Será que o P está em casa?" respondo "Não faço a mínima ideia, ainda não o vi hoje".
Não é saudável viver num mundo de mentiras, sou o primeiro a admiti-lo. E ainda o é menos quando acontecem dentro de casa, entre amigos que me conhecem relativamente bem. Mas por outro lado, também eu os conheço relativamente bem e sei o que pensam em relação a relações homossexuais, e isso é suficiente para me dissuadir a acabar com esta máscara. É uma merda quando os amigos do trabalho e os pessoais se confundem, fazem todos parte do mesmo circulo. Tenho a certeza que se um dia partilhar em casa que namoramos no dia seguinte já o saberão no meu trabalho, e apesar de isso não colocar em risco o meu emprego (era o que faltava!) coloca em risco qualquer possibilidade de evolução na carreira (a meritocracia é muito bonita, mas na minha empresa funciona mais por 'lambebotocracia') e os meus prémios de desempenho vão-se ao ar!
Naturalmente esta situação vai terminar um dia, mas gostava que terminasse quando me sentisse preparado para dar esse passo, e não por obrigação de circunstâncias.

10 comentários:

  1. Eu compreendo-te, mas há que preparar esses tempos.
    Afinal vocês também não se sentem bem assim e o conforto de nos sentirmos bem connosco próprios, nada há que o pague.

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  2. O teu texto demonstra bem os dois lados da mesma moeda. É complicado. Ainda por cima quando se vive com terceiros na mesma casa... Eh pah eu penso da mesma forma que tu, mas admito que a preparação de tempos vindouros deve ser feita com cautela e determinação. Ainda que não fiquem aí para sempre, há que fazê-lo de forma conscienciosa e nunca te esqueças que "quem espreita é espreitado".

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  3. Coelhos, como eu vos compreendo. Ao ler-vos ( e já no post anterior) coloquei o caso em mim.
    E o que vos posso dizer, é que não o faria de forma diferente como o estão a fazer. Pelos mesmos motivos e mais alguns, preferia viver com o "conforto" de uma ou outra mentira, do que ter que viver com o desconforto que os outros me causariam por saberem a verdade.
    Abraços.

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  4. Nem imaginas como me identifico com o que escreves. Eu pus o carro à frente dos bois e hoje vivo diariamente com o receio de um outing forçado que sei estar para breve. O mais incrível é que nem tenho planos de sobrevivência, vou estar bem fodido e prontos. Estou num trapézio sem rede a todos os níveis.
    Todos os dias são vividos à pressa, na esperança que o próximo continue normal. Adorava ter a mente livre destas preocupações e confusões.

    Por isso, tem calma, vai mentindo.

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  5. Continuo a dizer, que o melhor era morarem sozinhos brevemente.
    A mentira tem perna curta.

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  6. tenho que concordar com o sôfrego. às tantas são tantas histórias ao mesmo tempo que até vocês se vão perder nelas. E, realmente, se estão ambos a pagar por um quarto (e a verdade é que os quartos em lisboa também não costumam ser assim tão baratos), é muito provavél que conseguissem encontrar uma casa onde coubessem os dois, nem que fosse só um pequenino T1 :) Os coelhos são pequenos, também não ocupam assim tanto espaço (nãos e esqueçam é de comprar uma caixinha de areia :P)

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  7. Mentir é foda, mas é por uma boa causa, até porque de alguma maneira, nem sempre é bom as pessoas saberem profundamente de sua vida...
    Mas quando sentir-se a necessidade de abrir o jogo as pessoas bem proximas, tu solta o verbo...
    Abraços

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  8. O Zeh não podia ser mais explicito. Penso precisamente o mesmo. Um T1 chega tão bem, é tão bom ter um espaço nosso, onde pelo menos podemos chegar a casa e por as mentiras de parte e viver a verdade do nosso amor.
    Mas vocês é que sabem.

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  9. vão vivendo o vosso amor. Quando a mentira se tornar insuportável, terão de tomar uma decisão. Ou saem do armário, ou saem para uma nova casa

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  10. Coelhinho, noto uma pontinha de tristeza no teu discurso e é mais do que justificável. É horrível não poder amar livremente e sem condicionalismos externos. Que raio de sociedade homofóbica aquela em que vivemos...
    Li aqui alguns comentários e apercebi-me de que este problema é mais comum do que eu poderia imaginar. Mas sofre-se tanto por se ser homossexual em Portugal? Mas que mundo é este? Sinto que as pessoas vivem no medo e isso assusta-me verdadeiramente. Eu, felizmente, tenho a sorte, vá, de viver num mundo conservador, é certo, mas onde jamais teria represálias por ser o que sou: primeiro, ninguém tem poder algum sobre mim ou o meu futuro a não ser os pais; segundo, jamais permitiria que me roubassem a paz.
    É muito, muito complicado, pelo que vejo.
    Que tudo corra pelo melhor!

    lots of love, sweet bunny ^^

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