Com um carro nas mãos, a viagem ao México ganhou outra piada. Finalmente havia qualquer coisa para fazer fora do resort. Finalmente os dias não se resumiam a barriga para o ar, a beber margaritas, alternando entre a praia de areia fina e águas quentes e as sete ou oito piscinas... (dá para perceber que não partilhámos os dois a mesma emoção???).
No dia seguinte saímos do hotel às 7 da manhã, já com o café da manhã tomado e um (grande) farnel que surripiamos do
buffet. Tinha sacado ainda em Portugal uma
app gps com mapas
off-line (
Sygic, passe a publicidade, lol), o que significava que tínhamos um
gps funcional sem necessidade de uma ligação de dados. Ainda assim, atrevo-me a dizer que o
gps não era essencial, não há assim tantas estradas, as indicações são razoáveis, e na dúvida é só encostar e perguntar.
Duas horas e meia, 180km depois de sairmos do hotel, chegámos ao complexo das Pirâmides de Chichen-Itza, uma das novas sete maravilhas. O percurso foi calmo, não passei do limite de 80km/h apesar das rectas de 20km numa estrada completamente deserta, não fosse algum radar apanhar-nos e dar problemas.
Optei por deixar o carro no parque do próprio complexo (0.61€, por um dia), em vez de o estacionar na estrada de acesso ao complexo. O parque, enorme, estava praticamente vazio, apenas com meia-dúzia de carros.
A entrada no complexo é, passe o pleonasmo, também ela complexa. Primeiro há que atravessar uma rua cheia de vendedores de
souvenirs. Depois, numa primeira bilheteira do
Ministério da Cultura do México, compra-se o primeiro bilhete por 3.60€. Uns metros mais à frente, numa bilheteira da
Secretaria da Cultura do Estado do Yucatão compra-se um segundo bilhete por 7.80€. Não se compra um único bilhete porque, por causa da corrupção, as duas entidades não se entendem entre si. Neste percurso entre as bilheteiras e os torniquetes de entrada há dezenas de pessoas a oferecerem-se como guias das ruínas. A maioria fala apenas espanhol e inglês, e pedem à volta de 500 pesos (30€) para uma visita guiada de 2 horas.
Estar num sítio como as ruínas maias de
Chichen-Itza, onde cada pedra conta uma história e têm um simbolismo de uma civilização extinta e envolta em mistério, e não ter alguém que explique o que se está a ver é verdadeiramente como
um burro a olhar para um palácio. Por isso, logo depois dos torniquetes, onde mais algumas dezenas de guias ofereciam os seus serviços a preços mais baixos (é o chamado
skimming do mercado) regateei com um deles e consegui que por 150 pesos (8.75€) nos desse uma visita guiada ao complexo. O acordo foi que a visita duraria apenas 1h30, de forma a que às 11h30 o guia estivesse à entrada na altura em que chegam as dezenas de autocarros turísticos.
Não vos vou maçar com a descrição exaustiva de
Chichen-Itza, mas se lá forem, não deixem de contratar um guia, ou perderão completamente o âmago de visitar um sítio fantástico como este. Durante 90 minutos o nosso guia, um professor de história reformado e que falava português com sotaque adocicado do Brasil explicou-nos a história e mistérios daquela que foi a mais poderosa cidade maia. Foi um banho de cultura fantástico!
Depois do guia nos deixar ficámos mais uma meia hora a tirar fotos à volta do
El Castillo e do
Templo dos Jaguares. Por volta do meio dia saímos, já o sítio estava a ficar cheio de turistas. No parque de estacionamento confirmei as minhas suspeitas, havia mais de 100 autocarros de turismo estacionados.
De volta ao nosso
mexican bunnycar, conduzi cerca de 20 minutos até um dos sítios mais fantásticos onde já estive, o
cenote Ik Kil. Um
cenote é basicamente um orifício enorme na rocha, como se fosse um poço gigante. De acordo com a tradição maia, resultam da queda de meteoros, e a água que contém vem do espaço. É uma explicação mais inspiradora do que acreditar que resultam do colapso da rocha sobre lençóis freáticos.
Tal como em
Chichen-Itza, chegámos numa altura que não havia quase ninguém. Aí fiz um brilharete... tinha comprado na
Decathlon não uma balança, mas dois kits de
snorkeling por cerca de 15€, para além de uma máquina fotográfica aquática. Foi fixe porque o aluguer do equipamento de
snorkeling custava uns 5€ a cada um, e assim tínhamos o nosso equipamento que utilizámos várias vezes. Pagámos apenas a entrada, 70 pesos (cerca de 4€ cada).
Ficámos por ali 1h30. A pouco e pouco iam chegando mais pessoas, por isso partimos para o próximo
spot, o
cenote Dzitnup (cerca de 3€ a cada). Ao contrário do anterior, este é uma caverna, apenas com uma abertura por onde entram alguns raios de sol e dão um efeito espetacular.
O plano inicial era ir ainda às ruínas de
Cobá, outro complexo de pirâmides, mas a última entrada era às 16h, e seria impossível fazer os 70 km em menos de 1h respeitando os limites de velocidade. Por isso aproveitámos para dar uma volta em
Valladolid, uma cidade fundada pelos colonizadores espanhóis há quase 500 anos atrás. A arquitetura, tipicamente colonialista, dá um ar agradável à cidade, a fazer-me lembrar da cidade de
Olinda, no Brasil.
Ainda no regresso ao hotel, parámos em
Akumal, uma terrinha pequena com uma praia incrível, onde fica um dos maiores santuários de tartarugas do mundo (
Margarida e
Mark, talvez as vossas gostassem de vir até cá...). O dia começava a cair, e estava-se melhor dentro de água que fora. Nadámos uns metros para o mar e lá começaram a aparecer dezenas de
Speedies, umas maiores, outras pequeninas, tão fofas, a virem respirar à tona e a voltarem a mergulhar até às profundezas (não muito profundas, que eu não avancei muito mais mar a dentro). Sem dúvida, uma das melhores experiências na
Riviera Maya, e ainda por cima gratuita.
Quinze minutos depois estávamos de volta ao
Grand Palladium, mesmo a tempo para um banho romântico no nosso
jacuzzi, mais um jantar de
buffet-encher-até-rebentar e saímos novamente no carro, agora para
Playa del Carmen, a uns 35km para norte.
A seguir a
Cancun,
Playa del Carmen é a principal estância turística da região. Sobretudo à noite, é inundada por multidões em busca da agitada vida nocturna, com bares e discotecas, alguns de renome internacional (das quais a
Coco Bongo é a principal representante).
Bebemos um ou dois copos e entrámos em alguns bares e discotecas, mas não fiquei encantado: centenas de adolescentes americanos em
spring break (viagens de finalistas), muito bêbado na rua... a melhor parte foi, do alto do meu 1.69 m de altura, ser mais alto que qualquer um dos seguranças em várias discotecas. :D Lol, vou-me mudar para lá!