Saímos de casa cedo. Quando ficamos em sofás de desconhecidos (que depois se tornam amigos) temos de nos sujeitar às suas regras: o Dezsö e o Gusztáv sairam de casa logo de manhã, e nós saímos com eles. Regressaríamos a casa quando eles regressassem também. No worries!
Tinha comprado, logo no aeroporto, o Budapest Card, que para além dos transportes dá desconto numa série de museus e atrações, para além de incluir um guia e dois walking tour gratuitos. Acabou por não ser um grande investimento porque nos relaxámos um bocado e não aproveitámos nenhum dos walking tours. Shame on me!
Começámos pela Ópera de Budapeste, segundo os experts uma das mais bonitas da Europa, feita à imagem da Ópera de Viena. Nunca fui a Viena (e estupidamente não entrei na Scala de Milão), mas posso dizer que esta é muito bonita, em estilo neo-renascentista do séc. XIX (ter um amigo que é guia turístico tem destas coisas...).
Seguimos a Avenida Andrássy, uma das principais avenidas da capital húngara, cheia de lojas de luxo, cafés e restaurantes e... encontrámos estes senhores:
Sempre fui um bocado avesso a autocarros empacotados de turistas, com fones nos ouvidos, a ouvir uma qualquer narração enquanto o autocarro circula pela cidade. Gosto de planear as minhas viagens, decidir o que me interessa ou não, caminhar a pé e usar os transportes públicos. Porém, havia alguns factos a ter em conta: estavamos ambos cansados; ainda não recuperados da amigdalite; não tinha tido muito tempo para preparar a estadia em Budapeste.... não foi difícil o P convercer-me a comprar dois bilhetes por uns 14€ cada, e sentar o cú no segundo piso de um destes autocarros descapotáveis e deixar-me levar pela narração gravada em português com um sotaque que não consegui identificar, talvez húngaro.
Saímos e entrámos no autocarro diversas vezes. Passámos pela Praça dos Heróis,
a Estação Este, também do final do sec. XIX.
Depois de passarmos para o outro lado do Danúbio saímos em Buda, junto à Citadela e ao Monumento à Liberdade, na Colina de Gellért. Do topo desta colina tem-se uma das melhores vistas de Buda e de Peste, com o Danúbio pelo meio. Já agora, uma curiosidade: chama-se Colina de Gellért em honra do Bispo Gerard Gellért, propagador do cristianismo na Hungria. Houve quem não gostasse muito dele e uns quantos pagãos húngaros enfiaram-no num barril e toca de o mandar pela colina abaixo até ao rio.
A Citadela foi construída pelos Habsburgos, depois da Revolução Húngara de 1848. Foi também palco da ocupação soviética quando em 1956 tanques soviéticos tomaram aqui posições para disparar contra a cidade.
Ao lado fica a Estátua da Liberdade, construída em 1947 em honra da libertação da Hungria das forças nazis durante a 2ª Guerra Mundial.
Depois apanhámos outro autocarro que estava a passar para o Castelo de Buda, onde funciona o Museu de História de Budapeste, o Museu Nacional Húngaro e a Galeria Nacional. De todos os lados as vistas são excelentes.
Ali perto chama também a atenção a Igreja de S. Matias e o Bastião dos Pescadores, que apesar do seu aspecto de estrutura defensiva nunca serviu esse propósito, tendo sido construído há apenas 100 anos, no local onde havia um mercado de pescadores.
Queríamos ir ao Hospital in the Rock, um bunker gigantesco que foi usado como hospital e quartel secreto durante a 2ª Guerra Mundial, mas só são permitidas visitas guiadas a horas definidas, pelo que teve de ficar para o dia seguinte.
Fizemos então o caminho a pé até ao rio, passando pela Igreja Protestante de Budapeste, construída em 1892...
Atravessámos a Ponte das Correntes a pé...
... e por uma rua bem gira acima...
... chegámos à Basílica de Santo Estêvão.
Aqui estava o Gusztáv à nossa espera, depois de mais um dia de aulas e de um tour com turistas alemães durante a tarde. Ainda nos deu algumas explicações sobre a arquitetura da Igreja (vários arquitetos foram responsáveis durante os 50 anos da sua construção; o resultado foi tão bom que a abóbada colapsou e tiveram de construir tudo do início), e, mais interessante ainda, algumas curiosidades: São Estêvão foi o primeiro rei cristão da Hungria. Acreditava-se que a sua mão direita era incorruptível, por isso conserva-se mumificada dentro da basílica, e é possível vê-la. Creepy!
Entretanto o Gusztáv tinha combinado jantarmos com uns amigos dele. Encontrámo-nos todos na Rua Nagymezö, uma espécie de Broadway de Budapeste com uma série de pequenos teatros e salas de espetáculos e restaurantes e cafés com muito bom ar, e fomos jantar ao Restaurante Eklektika, um restaurante lésbico. Foi a minha estreia em restaurantes lésbicos (ou melhor, foi a minha estreia em tudo o que é lésbico!). Apesar dos clientes serem maioritariamente mulheres, havia alguns homens também. Nós eramos seis: eu e o P, o Gusztáv e o Dezsö, e os dois amigos deles, namorados, que eram gays rastas (mais uma novidade!).
Depois do jantar fomos tomar café a um sítio que não sei descrever em português: um bookcafe. Na pratica é um café dentro de uma livraria, mas a zona do café deixou-me com o queixo no chão:
Vim a saber mais tarde que é um dos cafés mais bonitos do mundo, estilo Art Noveau (onde é que eu já ouvi isto?) com influência egípcia. Pareço um burro a olhar para um palácio!
Depois de deixarmos os amigos deles ainda fomos beber um copo ao Szimba Kert, e mais uma vez não queria acreditar. É provavelmente um dos sítios mais originais onde estive. Faz-me lembrar um pouco a Pensão Amor, aqui em Lisboa, mas muito maior e mais giro (vi agora que a Rotas&Destinos escolheu o Szimba Kert como o melhor bar de Budapeste). Por mim tinha lá ficado a noite toda (havia também pista de dança) mas o Dezsö tinha aulas e o Gusztáv trabalhava no dia seguinte.
Budapeste é uma cidade maravilhosa e não é cara.
ResponderEliminarJá lá tinha estado há uns anos, mas voltei agora, há um ano com o Déjan.
A ideia desse autocarro é o melhor que se pode fazer em Budapeste, pois pode-se parar nos sítios que queremos visitar e referenciar os sítios para visitar mais tarde.
Buda é maravilhosa e o passeio de barco no Danúbio foi um sonho.
Sítios lindos para comer e para estar a beber um copo.
Enfim, uma cidade a não perder, de forma alguma.
Eu nunca tinha andado num autocarro daqueles, e sempre tive algum preconceito em relação a isso. Mas convenci-me.
EliminarLer o teu relato e ver as fotografias encheu-me de saudades! ^^
ResponderEliminarEstive em Budapeste em 2006 quando fui visitar o meu melhor amigo que estava lá a estudar num programa de intercâmbio de estudantes...
Ainda hoje quando falamos daqueles dias por lá ficamos cheios de vontade de regressar! :P
Abraço grande :3
É sempre assim, quando recordamos sítios onde vivemos boas experiências inunda-nos uma vontade de voltar. Já fiz isso algumas vezes.
Eliminarestou a adorar :)
ResponderEliminarabraço amigo
:P
EliminarEntraste em velocidade de cruzeiro com os posts da viagem e quase não consigo acompanhar.
ResponderEliminarO que descreves só vem confirmar o que eu já pensava, que Budapeste é um cidade cheia de charme e que tenho de visitar urgentemente. E estes posts são um manancial de dicas e referências preciosas. Thanks.
Eu quando viajo também sou assim, não paro de manhã à noite :)
Qualquer dúvida que tenhas podes perguntar aqui ou por mail. Gostei imenso de Budapeste, e é das cidades europeias mais baratas onde estive.
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