dois coelhos

Esta é a nossa história, dois rapazes destinados um para o outro, que se conheceram quando um tinha 20 anos e o outro 26.
Desde esse dia que a nossa vida mudou para sempre! E vocês são as nossas únicas testemunhas!

sábado, 22 de março de 2014

Quando é que "muito trabalho" é "demasiado trabalho"?

Nunca tive medo de trabalhar. Desde reposição de stocks em hipers, servente de pedreiro, tratorista, taxista, fiz de tudo um pouco. Quando entrei para a faculdade, eu e uns amigos arranjámos um part-time a fazer figuração para telenovelas e séries de televisão. Um ano antes de acabar o curso já trabalhava na minha área (e deu problemas, porque fazia trabalho de licenciado sem o ser).

Há quase 8 anos que trabalho no mínimo 50 horas semanais, com períodos de crise que chegam às 80. Não são alturas fáceis, e o primeiro reflexo é os blogs. O segundo, é o meu namorado, e apesar de gostar muito de vocês, o que me lixa mesmo é não poder estar mais com ele. Quando lhe ligo a dizer que não venho jantar a casa e ele responde "tu trabalhas demais", parte-me o coração.

Por isto tudo, uma das minhas promessas de ano novo foi "trabalhar menos". Não é o primeiro ano que tomo esta resolução, mas este ano foi a sério. Ou talvez não. Há pouco mais de um mês, soube que ia ser lançado um novo projecto. Já estou em dois, um que me ocupa quase 40 horas por semana, outro à volta de 20. Quando soube do novo projecto pensei "óptimo, mais algum dinheiro extra". Marcou-se o briefing inicial, mas acabei por não conseguir ir e fui excluído.

 Inicialmente pensei "ainda bem que não entrei nisto, já tenho que chegue com que me preocupar", mas a pouco e pouco um receio de poder estar a perder oportunidades numa altura de vacas tão magras assolou-me. Se tenho o azar de algum cliente suspender ou terminar algum dos projectos em curso, é um rombo significativo. Assim, quando o meu coordenador me ligou a perguntar se estava interessado em integrar o projecto novo (um colega meu foi recusado pelo cliente, lol), disse que sim.

E assim chego aos 31 anos, a trabalhar em três merdas diferentes, sem ter tempo para me coçar, a ir ao ginásio a correr entre uma coisa e outra, a chegar tarde e cansado a casa... fuck! Qualquer dia piro-me daqui!

38 comentários:

  1. Aproveita a vida. O lema 'no meio é que está a virtude' é um bom lema. Não te desgastes, nem desgastes a relação. Que tenhas a sabedoria de escolher como deve ser vivida a vida.
    Um abraço.
    P.

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    1. Eu tento aproveitar, e as viagens são um exemplo disso. Mas quando estou cá, tenho imensa dificuldade em recusar trabalho. Eu próprio me vitimizo, porque a culpa é toda minha, de dizer sim a tudo. Penso (talvez me engane, o futuro o dirá) que a relação não sai desgastada, porque tento aproveitar todos os minutos que estou com ele, e tento fazê-lo sentir-se a pessoa mais especial do mundo (porque o é para mim).
      Vou tentar mudar isto. Obrigado pelas palavras, P.

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  2. Enquanto se é novo nem sempre se pensa apenas em trabalho. Fazer uma vida mais calma e com prazer conta mais que o dinheiro.
    Por vezes olhamos e já perdemos muitas das nossas oportunidades.
    Cuida-te.

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    1. Sem dúvida, tens razão, Luís. Eu não penso apenas em trabalho, mas ocupa bem mais da minha semana do que eu gostaria. Por outro lado, como felizmente todas estas horas são remuneradas, isso dá-me a oportunidade de fazer e ter coisas que não poderia fazer de outra forma. Agora que reflito de outra forma nisto, talvez seja uma espécie de ganância. Agh... odeio-me, lol.

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  3. Já passei por isso mas não me parece que haja uma receita que se aplique universalmente.
    Lamento dizer que provavelmente com a tua idade o melhor remédio talvez seja mesmo "pirarem-se daqui"

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    1. Oh João, nem sabes como gostava disso, apesar de que a saída daqui não mudaria a génese do problema, que é o facto de eu aceitar trabalho a mais. Tenho tentado inscrever o P num curso de inglês praticamente desde que namoramos, mas ainda não consegui. Quando é para cantar músicas da Madonna, sabe falar perfeitamente, mas quando é para conversar com alguém, inibe-se e cala-se. Grrr...

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    2. Mas a génese do problema pode não estar em ti mas no facto de o trabalho ser mal pago em Portugal...

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    3. O trabalho é de facto mal pago em Portugal. Tirando o salário de Administrador Público, quase todos os salários são mais baixos em Portugal que noutros países desenvolvidos. E até teria facilidade em encontrar emprego lá fora (fiz até uma entrevista para Abu Dhabi). Mas o que motivou essencialmente este post, ainda que a frase final possa induzir em erro, foi este defeito da minha personalidade de dizer sim sempre que me propõem um projecto novo, e quando não entrei num (porque não pude ir ao briefing inicial) ainda fiquei a remoer.

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    4. Um viciado, portanto! Nesse caso, é mais complicado... :D

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  4. é como o Luís refere, nem sempre o dinheiro é tudo. sobrevives, trabalhas que nem um mouro, chegas a casa morto de cansaço e isso reflecte-se na relação. não sei, se tiveres oportunidades de ires para o estrangeiro, fazeres o mesmo que fazes aqui, mas ganhando muito mais, olha, vai. nada de prende, arrenda a casa e atirem-se :)

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    1. O problema é que se for para o estrangeiro, a minha referência vai ser 'o que trabalho aqui' e não 'o que ganho aqui'. Assim, conhecendo-me, não tarda nada e estou atascado em trabalho novamente. Ganhando mais do que aqui, é verdade, mas nem é do ordenado que eu me queixo.

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  5. Caraca! 50 horas semanais é cruel, pira qualquer um...
    Até imagino o estresse e cansaço.
    Espero que esteja sendo muito bem recompensado financeiramente...rs

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    1. Financeiramente é recompensado, e é isso que me vale, senão nem pensava em participar noutros projectos. Ainda assim, qualquer dia fico como a música do Gabriel Valim, piradinho!

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  6. A culpa é toda do vil metal. E dos patrões, esse belo bando de chulos, que vivem, na sua grande maioria, do explorarem ao máximo os seus trabalhadores...

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    1. A culpa é do vil metal, sem dúvida, tal como no poema do Cesário Verde que o meu namorado declama às vezes (E muito descansado, Atira um cobre lívido, oxidado, Que vem bater nas faces duns alperces). Quanto aos patrões, claro que posso alegar que o ordenado base é baixo, mas como faço imenso trabalho extraordinário, até nem sou mal remunerado.

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  7. Coelho o dinheiro não compra urdi e por vezes temos que fazer opções. Eu troquei de posto e perdi 200 euros de salário. E o dinheiro faz-me falta, mas a minha sanidade mental está em primeiro lugar.

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    1. À conta da sanidade mental e de uma relação menos boa com uma anterior chefia, também mudei de área e perdi 20% do ordenado. Mas com as oportunidades que a nova área me abriu recuperei esses 20% rapidamente. O dinheiro faz sempre falta, mas para que quero o dinheiro se não tenho tempo de o gastar? Por exemplo, no período dos saldos não consegui ir uma única vez às compras (ao fim de semana recuso-me).

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    2. Pois... estás a juntar para alguém o gastar por ti LOL Só pode LOL

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    3. lllllllllooooollllllllllll Tenho idade para ser ter irmão mais velho, portanto respeita-me!

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    4. Tens razão, os meus pais sempre me ensinaram a ter respeito pelos mais velhos. :D

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    5. E ensinaram bem LOL Vê se aprendes LOL

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  8. É um risco é verdade, mas também precisas de ter tempo pra ti e para a tua Vida conjunta com o P. Amei o coelho branco, muito "Floffy".

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    1. É mesmo, Gil. Tenho de dar uma volta na vida, lol. E temos de ir às marchas. :D

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  9. Isso é o futuro. Cada vez trabalhar mais e ter menos tempo para nós. Se eu fosse a avaliar as vezes que a minha vida privada saiu prejudicada por causa do trabalho...bem nem me dou a esse trabalho.

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    1. Pois, a ideia que eu tenho é que os professores também não estão muito melhores. Tenho muita solidariedade por ti, e fico contente que tenhas encontrado um sítio que gostas e onde apreciam as tuas qualidades. :D

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  10. Acho que já foi tudo dito. Apesar do dinheiro ser necessário, da maneira que estás a viver, tornas-te escravo dele...e pior que isso, arriscas-te a perder coisas que o Dinheiro não pode comprar...a começar pela tua Saúde...

    Abraço grande :3

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    1. É bem verdade, João. A saúde não tem preço, não é apenas uma frase feita. Um pouco por isso, tenho-me esforçado por manter a assiduidade no ginásio, para não sucumbir completamente.

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  11. estava a ler o teu post e a relacionar com a minha vida...eu trabalho longe pa caraças, ele trabalha à vontade dez horas por dia, mal nos falamos durante o dia, à noite estamos demasiado cansados, os fins-de-semana servem pa descansar e estarmos um bocadinho juntos, quanto mais não seja pa dormir...assim como tu não tenho tempo nem espaço pa fazer seja o que for, mal tenho tempo pa estar com a família e os que amo, quanto mais ter tempo pa ginásios, passear, etc, etc...cheguei ao ponto em que só posso comprar coisas pela net, pk não tenho tempo de ir a lojas sequer...estou a pensar...vivo uma vida triste...puff com trabalho que eu gosto muito,mas está-me a faltar o resto...

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    1. Desculpa, Meia Noite e um Quarto, tenho de dizer isto... os fins de semana servem também para brincar aos astronautas, lololol. Não, agora a sério, viver assim é horrível. Não é que não goste do que faço, tal como tu, mas no final, onde está o eu propriamente dito? Vivemos para trabalhar ou trabalhamos para viver?

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  12. Bem... já sabes que eu sou avesso a estas coisas.... trabalhar é preciso mas há que ter tempo para amigos, família e namorados... não que a carreira não seja importante, mas as pessoas que me rodeiam são mais... Chegar ao topo, não me seduz, como se costuma dizer ele é solitário!

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    1. Não é necessariamente solitário. Conheço pessoas que chegaram a sítios de relevo, e acredito que parte desse sucesso se deve ao núcleo familiar.

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  13. Eu sei que isso está na natureza das pessoas e portanto é difícil contrariar essa natureza; mas o trabalhar demasiado nem sempre é compensado, já não digo monetariamente, mas pelo menos no campo do reconhecimento.
    E depois há a saúde e o amor...já não falo nos amigos.

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    1. Hoje morreu o Manuel Forjaz, que por acaso conheci recentemente e foi uma pessoa que me ensinou algumas coisas da vida. Embora todo o mediatismo que envolveu este seu último ano, acho que transmitiu uma mensagem importante, não só para doentes com cancro, mas para todos. Não te distraias da vida não é só uma frase, devia ser um lema de vida.

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