dois coelhos

Esta é a nossa história, dois rapazes destinados um para o outro, que se conheceram quando um tinha 20 anos e o outro 26.
Desde esse dia que a nossa vida mudou para sempre! E vocês são as nossas únicas testemunhas!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Nova Iorque 5

4º dia na Grande Maçã! Acordámos mais uma vez com o cheiro das panquecas que o Ben já fazia na cozinha. Durante o pequeno almoço conversámos mais um bocado. É curioso ele estar assim aberto a receber desconhecidos em casa, porque o seu perfil não encaixa bem no perfil habitual dos anfitriões: 68 anos, uma única viagem no currículo, a Israel, cultura geral relativamente baixa... Vive solitário, mas lá acabou por confessar que de vez em quando lá arranja quem lhe aqueça a cama, sem grandes compromissos. Parece feliz assim, tanto quanto os dois dias que ali passámos me permitiram avaliar, e isso, sem dúvida, é o mais importante.

Só depois das despedidas é que percebemos a aventura em que nos íamos meter... chovia copiosamente, e a temperatura era... 0 graus. Nem -1 nem +1, zero! Claramente não tínhamos levado roupa nem sapatos para aquele clima. Depois de uma animada viagem de metro com as malas, 1h depois, chegámos ao New York Times Building, a 250 metros da Times Square. Este era o ponto de referência para chegarmos a casa do Henry. Bem... não sei se 'a casa do Henry' será uma boa expressão. Ali, no centro de Manhathan, a 250 metros da Times Square, bem no centro do Theater District, o Henry e o James partilham um apartamento de 250 metros quadrados, avaliado em 1.5 milhões de Euros! Nem queria acreditar! Só na sala deles cabe toda a nossa actual casa.


Conversámos um pouco. O Henry tem 75 anos, corretor de bolsa reformado. O James tem a mesma idade, e era diretor de hotel antes de se reformar. A relação deles é um pouco como a do Pinguim e do seu companheiro de casa. Apesar de não saber grandes detalhes da vida do Pinguim, excepto o que ele vai partilhando no seu blog, o Henry e o James compraram aquele apartamento numa altura em que eram um casal, mas depois acabaram por terminar a relação continuando a viver juntos e com uma excelente amizade. Entretanto, trocámos de roupas e sapatos, que ficaram a secar em cima dos radiadores (só para terem uma noção, os sapatos escorriam água!).

Confesso que não tinha muita vontade de sair para a rua. Depois de ver aquele palácio, onde era capaz de viver sem grande esforço, voltar para o meio da tempestade não era bem o meu sonho, mas era o nosso último dia em Nova Iorque, e o P disse 'para ficar em casa tínhamos ficado na nossa toquinha em Lisboa'. 

Quando saímos para a rua... começou a nevar. Fez-me lembrar a música do José Cid 'Cai neve em Nova Iorque'. Os sapatos rapidamente ficaram tão encharcados como os anteriores. O Henry recomendou-nos um restaurante na Chinatown, por isso lá fomos os dois pelo meio da intempérie até a uma das maiores comunidades chinesas fora da China.

A Chinatown e também Little Italy (congénere italiana) ficam na baixa de Manhatthan, uma zona bastante afetada pela passagem do furacão. A mistura de chuva, neve, granizo e vento fizeram todo o percurso particularmente penoso. O restaurante - 乔的上海 ou Joe's Shanghai - não era muito grande, e estava cheio, entre ocidentais e chineses. Na montra, os 'tradicionais' patos cantoneses assustaram um pouco o meu rabbit, mas lá dentro ele que é um bocado esquisito na comida não franziu o nariz.



Depois do almoço lá conseguimos arranjar coragem para enfrentar a meteorologia e explorar a zona. Ali à volta tínhamos uma série de pontos de interesse, e não seria um qualquer S. Pedro diabólico que ia estragar os planos destes dois coelhos! Tribeca, sede do FBI em Nova Iorque, Manhattan Municipal Building, Supremo Tribunal de Nova Iorque, City Hall, New Amsterdam, até chegarmos ao verdadeiro objetivo do meu coelhito... a Ponte de Brooklyn. Um lugar que deveria ser supostamente romântico, onde a Miranda e o  Steve se reencontram depois da separação (desculpem insistir no Sexo e a Cidade, mas o P é a maior enciclopédia viva sobre o assunto) foi uma das maiores torturas que passei. O vento era gélido, não sentia os pés, a neve não dava tréguas... não conseguimos sequer ir até ao primeiro pilar da ponte. 




Queria fazer isto com o P...

... mas afinal o que disse foi 'Não dou nem mais um passo!'

De volta para Manhatthan, passámos junto à Beekman Tower, de Frank Gehry, em direção a Wall Street e ao Ground Zero, onde outrora estivera o Word Trade Center. Pelo meio passámos pela Trinity Church (é curioso encontrar igrejas nestes sítios, onde parece que o dinheiro é a religião). Demos algumas voltas junto à Freedom Tower, a torre de quase 500 metros de altura que irá substituir as Torres Gémeas. Junto à Bolsa de Valores de Wall Street alguns manifestantes protestavam contra a globalização, vigiados por uma forte comitiva policial, que nem nos deixaram aproximar muito da estátua de George Washington, primeiro presidente dos EUA, junto ao Federal Hall, o primeiro capitólio americano. Quem também estava protegido pela polícia era o Wall Street Bull, não fosse algum dos manifestantes querer improvisar um rodeo.




O Cemitério da Trinity Church no 11 de Setembro


Voltámos de metro para a 5ª avenida, que fizémos a pé até chegar ao Westway Diner, um típico diner americano (tão típico quanto os diners podem ser em Nova Iorque), recomendado pelo Henry, onde jantámos. Já passava das 22h, e nem pensei duas vezes, mal me sentei tirei os sapatos que escorriam água. Os mosaicos do chão estavam mais quentes que os meus pés.


Dali voltámos para casa do Henry e do James. Tinha sido um dia cansativo as hell, e depois do banho foi fantástico adormecer agarrado ao meu rabbit, no quentinho, simplesmente a ver as luzes da cidade. 

17 comentários:

  1. Estou a adorar o relato!
    E o teu moço precisa aprender a ceder mais... Tu fazes-lhe as vontades todas -_-'

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    1. Lol, talvez fiques com essa ideia pelo que eu escrevo aqui, mas ele é a pessoa mais fantástica que já conheci, e não sou capaz de lhe dizer que não a nada.

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  2. Bolas, até fiquei enregelado com a tua discrição. Foi uma sorte não terem adoecido :(
    A ponte de Brooklyn foi dos poucos sítios onde não fomos, mas o tempo não esticava e tivemos que fazer opções, ficou para outra vez, mas tenho muita pena. A mim faz-me sempre lembrar o 'Era uma vez na América' do Sérgio Leone.
    Abraço.

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    1. Foi mesmo uma sorte, por menos tivémos de ir ao hospital em Berlim.
      Em Nova Iorque (e noutros sítios) também tivémos de fazer cortes, como no Flatiron Building, mas depois o P conseguiu dar a volta a isso no último dia.

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  3. Não dou mais um passo!!!! Não se diz e nem se faz, não sabes quando voltarás lá. Por vezes, por muito que custe, devemos fazer aquilo que poderá ser apenas uma vez na vida... digo eu...

    Admiro a vossa coragem de ficar em casa de pessoas desconhecidas...

    Estou a ponderar ir aos EUA para o ano(este o orçamento não chega para tudo), :)

    Estou deliciado

    Abraço aos dois ;)

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    1. Lol, não imaginas o meu sofrimento, com as minhas sapatilhas completamente ensopadas em água gelada. Acredito que as coisas boas voltam sempre na nossa vida, e a ponte de Brooklyn também voltou! :)

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  4. Eu passei a ponte todinha a pé na na na na naaa! LOL Mas era verão! LOLOL A casa parece um espectáculo! :D E dormir agarrado a ver as luzes da cidade parece-me muito bem! :D

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    1. Pois, no verão eu também passava... lol.
      A casa era estupenda, nunca vi nada assim, ainda por cima ali tão central. Até tinha urinol na casa de banho, quando tiver uma casa também quero um urinol!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. A foto dos animais - patos cantoneses - pendurados chocou-me um nadinha. :s

    Eu nunca estive em NY, mas acredito que os nova-iorquinos sintam falta do World Trade Center. Vi montagens gráficas da Freedom Tower e parece-me que será imponente. :) Adoro arranha-céus! *.*

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    1. Os patos cantoneses têm um ar um pouco assustador, parece que consigo ver a cara de sofrimento dos bichos quando morreram. Então imagina em Cantão...

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  7. Adorei o post todo mas o remate foi a cereja no topo do cake! ^^

    Tão romântico! *w*

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  8. Exactamente como dizes, no que respeita à partilha da minha casa com o Duarte; só qcom a "pequena" diferença de a nossa ser em Massamá e também quase caber na sala da casa dos vossos anfitriões.
    Excelente como sempre, a tua descrição dos sítios visitados.

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    1. Pois, foi o que eu pensei. Só é pena que não tenhas um loft com vista para o Marquês de Pombal ou Avenida da Liberdade... :)

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  9. assusta-me haver pessoas que viajam tanto como vocês, pior, assusta-me não se fartarem.. pior ainda, dormir em casa de "estranhos" no way... ok sou conservador confesso

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    1. Como nos poderíamos fartar de viajar? Somos portugueses, somos exploradores por natureza. E as pessoas que nos acolhem só são desconhecidos no início, depois tornam-se nossos amigos. Devias experimentar!

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