Uma das (poucas) coisas boas do Caledonian Backpackers hostel é que tinha pequeno almoço eat-as-much-as-you-can de torradas, nutela, manteiga e compotas, e café, leite e sumo de laranja. Claro que não só fizémos jus ao motto eat-as-much-as-you-can, como levámos algumas sandes para comermos durante o dia. Era 6ª feira, e tinhamos exatamente 28 horas para explorar Edimburgo. Apesar de ser contra a minha natureza, a experiência em Budapeste e em Málaga (esta de uma forma muito original) levaram-me a admitir as evidências: apanhámos o autocarro turístico. Por 14£ (17,4€) comprámos o Edinburgh's 24 hour Grand Ticket, que permitia 24 horas em 5 diferentes circuitos, alguns com comentários em português.
Saímos junto ao novo edifício do Parlamento Escocês, um edifício inaugurado em 2004, e que juraria que já vi no Melange do Arrakis, mas não encontro. Não entrámos no edifício, mas tal como por fora, por dentro deve ser muito agradável.
Em frente fica o museu de ciência Our Dynamic Earth. Entrámos, mas não passámos das bilheteiras. Já estive em vários museus de ciência, o mais proeminente dos quais o de Londres. O preço de quase 14,5€ por entrada associado às centenas de criancinhas presentes levaram-nos de novo para a rua.
Começámos então a subir a colina do Arthur's Seat, uma das duas colinas que domina a cidade (a outra é a do castelo). Não é difícil, à primeira vista, subir os seus 250 metros de altura, mas se adicionarmos uns chuviscos irritantes e um caminho cheio de lama então torna-se uma pequena aventura. A vista de lá de cima deve ser gira num dia de sol.
Voltámos para baixo rapidinho, não fosse o São Pedro mandar o dilúvio final e nós ficarmos encharcados. Não fizemos a coisa por menos e parámos logo no Palácio de Holyrood, a residência oficial de Sua Majestade a Rainha Isabel II na Escócia. Por cerca de 12 euros, visitámos a simplória toca da rainha (isto até soa pornográfico), com direito a audiotour que nos ajudou a perceber como é que Mary, Queen of Scots, perdeu a cabeça (literalmente).
Igualmente interessante é a Abadia de Holyrood, em ruínas, com uma atmosfera quase mágica. São imensas as histórias à volta de fantasmas que habitam a abadia, e é impossível dar um passo sem pisar um túmulo.
Depois de uma volta pelos jardins do palácio apanhámos de novo o autocarro, até à principal rua de Edimburgo, a Princes Street. Ali apanhámos outro autocarro, passando pelo Jardim Botânico Real (o Kew Gardens mete este e qualquer outro a um canto!) até à zona do Newhaven Port, onde está o Iate Real Britannia, que serviu a rainha até 1997. Nem saímos do autocarro, não fazia questão em visitar o iate além de que o tempo estava todo contadinho. À medida que o autocarro ia percorrendo as ruas da cidade iamos ouvindo as descrições do que íamos vendo, através dos auscultadores. Já o disse, é uma forma de turismo que não me agrada, gosto de percorrer as ruas a pé, com o guia na mão, de me perder e descobrir novos sítios, de falar com os locais e visitar sítios off-the-beaten-track. Também nisto, como em muitas outras coisas, temos as nossas diferenças, mas acho que também é isso que nos complementa.
De volta ao centro da cidade, subimos a Cockburn Street até à High Street, e depois em direção à St. Giles Cathedral e à estátua do 'pai da economia moderna' Adam Smith, o tal que dizia que a mão invisível do mercado era suficiente para equilibrar a economia. É pena que não esteja cá hoje para ver como é...
Mais à frente caiu uma chuvada torrencial, e entrámos naquilo que pensámos ser outra igreja, mas afinal era um bar e restaurante super original, o The Hub, a fazer lembrar o Bazar de Amsterdão.
Descendo um pouco mais fica a estátua do Greyfriars Bobby, um cão que guardou durante 14 anos o túmulo do seu dono, até ele próprio morrer. Já diria a avó do Francisco, 'Fieis só mesmo os cães!', lol.
Logo ao lado fica o National Museum of Scotland, e andando mais um bom bocado chega-se aos Regent Gardens, onde ficam alguns monumentos: o Nelson Monument, o National Monument e o City Observatory. Este último já estava fechado quando chegámos, mas os outros são de livre acesso e passámos por lá um bocado, até porque a vista para a cidade também é gira. Foi lá que descobrimos um canhão português, que depois de viajar pelo mundo acabou em 1886 por 'assentar arraiais' em Edimburgo.
Entretanto o tempo começou a piorar novamente e voltámos para a cidade, pela Princes Street. Parámos na HMV (que é a loja preferida do meu coelhito em terras de sua majestade) enquanto chuviscou com mais intensidade, depois explorámos por ali o Scott Monument, antes de irmos à procura do Sainsbury para fazer as compras para o jantar. Ainda antes das compras passámos na St. Andrew Square, onde estava a decorrer a exibição de um filme ao ar livre. O filme era o Grease, e achei espantoso a quantidade de pessoas que ali estavam, à chuva, a ver o filme (eu também lá quis ficar, mas o P estava demasiado incomodado com a chuva).
No Sansbury comprámos uns bifes panados e arroz para cozinharmos para o jantar lá no hostel. Os ingredientes todos ficaram em cerca de 10 euros.
Estou sentado a reviver uma viagem fiz no passado e que adorei... Aguardando mais detalhes :)
ResponderEliminarAbraço amigo x 2
Esntão e o que diz a tua avó do Bobby?
EliminarTal como tu, não aprecio este tipo de visita a uma cidade, em apenas umas horas. Para conhecer uma cidade tenho que andar nas ruas e ver e sentir o povo.
ResponderEliminarPor isso tenho pavor àqueles grupos de japoneses que aparecem em todo o lado, atrás dos guias, como ovelhas de um rebanho.
Também não tiveram sorte com o tempo, mas penso que uma cidade como Edimburgo, que não conheço, mereceria mais tempo e mais vagar.
Talvez não me tenha expressado bem. Não acho que tenha ficado muito por ver em Edimburgo, e que fazer as coisas mais devagar nos tivesse deixado uma impressão diferente da cidade. Aliás, as coisas não foram feitas a correr (excepto devido à chuva), embora a minha forma de escrita assim o faça parecer. O que me referia quando disse que não gosto 'deste tipo de turismo' é aos autocarros turísticos. Gosto de usar os transportes publicos e ter de me orientar com mapas. Claro que usando o autocarro turistico adquiro muito mais informação, o narrador vai descrevendo os sítios por onde passamos, os detalhes são mais precisos and so on, mas eu sou um gajo de mochila às costas, e os gajos de mochilas às costas não costumam gostar disso. ;)
EliminarÉ difícil arranjar um dia sem chuva por esses lados...lol
ResponderEliminarJá estou com vontade de ir visitar! ;)
É mesmo, à Escócia foi a primeira vez, mas a Londres fui imensas vezes e não me lembro de não ter apanhado pelo menos uns chuviscos.
EliminarOs links para posts antigos são o máximo!
ResponderEliminarHehehe, neste caso foi sobre as nossas diferenças, houve uma altura em que publiquei uma série de posts sobre isso. Tenho de dar continuação a essa rúbrica.
EliminarVOCES SAO QUERIDOS
ResponderEliminarWow! Nem imaginas, somos dois coelhitos muito queridos!
EliminarAdoro os pormenores dos vossos posts e gosto especialmente que coloquem os preços das coisas. Só assim dá para perceber os custos que uma viagem destas envolve.
ResponderEliminarJá fui à procura da foto, mas também não a encontro.
Já estivémos numa igreja/restaurante em Verona muito gira também.
Vir aqui é também viajar um pouco convosco e isso é fantástico.
Tenho posto os preços precisamente para te responder aquela questão do custo total da viagem, e para mostrar que viajar não fica necessariamente caro. Vou começar a debruçar-me na viagem aos states, e quero bater o meu record de viagem low-cost, sem prescindir de nada.
EliminarEm Verona lembro-me de comer num restaurante girissimo, ao ar livre, num relvado em escada, iluminado só com archotes. Tenho de lá levar o P um dia destes.
E, um dia, quem sabe, viajaremos juntos sem ser por aqui. Quem sabe, ao Senegal...