dois coelhos

Esta é a nossa história, dois rapazes destinados um para o outro, que se conheceram quando um tinha 20 anos e o outro 26.
Desde esse dia que a nossa vida mudou para sempre! E vocês são as nossas únicas testemunhas!

terça-feira, 2 de abril de 2013

Washington - Las Vegas

Ao longo do nosso jantar de Halloween, para além de estarmos constantemente a ser interrompidos por criancinhas (e adultos também) a pedir doces, ainda tivémos tempo de conversar com os nossos novos amigos que nos acolheram na casa deles. Contaram-nos como se conheceram, como é cuidar e manter uma relação entre dois homens ao longo de 27 anos, e também um pouco sobre cultura americana. Apesar deles serem fantásticos, correspondem ao estereótipo que eu tinha dos americanos: baixa cultura geral em relação ao exterior, para eles a América está no centro do mundo, e sobre eles recai a responsabilidade do seu policiamento. Isto a propósito dos vários conflitos armados em que os Estados Unidos têm estado envolvidos, relativamente ao Iraque, em que o Douglas me dizia 'havia uma ameaça mundial, um líder que estava a por em causa a segurança de todo o planeta, para além de privar os seus cidadãos da democracia, e o mundo pediu aos Estados Unidos da América que os protegessem, que fossem àquele território hostil e tirassem de lá aquele ditador', referindo-se a Sadam Hussein. Estava incrédulo, afinal há de facto americanos assim (tal como previa o Francisco)!

No dia seguinte acordámos cedo. Tínhamos o avião para apanhar às 17h, e queria aproveitar o tempo que nos restava em Washington para ir ver mais algumas coisas. O Raymond e o Douglas já estavam a trabalhar no escritório, na mesma rua. Fomos até lá combinar os detalhes do dia, depois demos uma volta pelo bairro e fomos comprar algumas coisas para comermos durante o dia (só calorias, claro). Ainda parámos na Radio Shack, uma conhecida cadeia de lojas tipo Worten, para comprar mais um cartão de memória para  máquina fotográfica. É que o dedo nervoso do P já tinha disparado mais de 2000 vezes...




De volta ao National Mall, onde se concentram a maioria das atrações da cidade, começamos pelo World War II Memorial,


e depois pelo Vietnam Memorial War. Talvez por ter sido um evento mais recente, era possível ver a comoção de muitos visitantes, que procuravam os nomes dos seus famíliares na extensa lista de combatentes mortos. O próprio Douglas falou-nos de um tio que morreu na Guerra do Vietname, e percebemos a importância simbólica que tem para os americanos. É estranho, porque ao contrário do que me aconteceu em Berlim, no Museu Topographie des Terrors, em que senti um peso enorme no peito pela tragédia que aquilo representava, ali em Washington não senti qualquer tipo de emoção apesar da quantidade de pessoas ali comovidas.

O Lincoln Memorial fica logo ali. Lincoln foi um dos presidentes mais queridos dos americanos, situação à qual o filme de Spielberg não é alheio.

Ao lado fica mais um memorial, desta vez à Guerra da Coreia. É lá que está inscrita a conhecida frase 'Freedom is not Free'.


E estava concluído o passeio! Voltámos para casa do Raymond e do Douglas, e depois das despedidas e convites a voltarmos a Washington sempre que quiséssemos (como se fosse ali ao virar da esquina), o Douglas levou-nos ao aeroporto Ronald Reagan, o principal dos três aeroportos que serve a capital americana, mas que fica já no Estado da Virginia.

O Pentágono, visto do avião logo após levantar voo.

Depois do check-in fomos almoçar a fazer algum tempo até ao voo, às 17h. Estava um pouco preocupado, porque ainda não tínhamos alojamento marcado para Las Vegas, e já só faltavam 6 horas para chegar. Para quem me conhece, parece um pouco estranho como é que um overplanner como eu deixei passar este pormenor, mas a explicação é simples, e tem a ver com o pricing do alojamento em Las Vegas (e que pode ser extrapolado para muitos outros lados): o preço de um quarto de hotel começa a subir com 6 meses de antecedência. Se fizerem a reserva antes dos 6 meses conseguirão um bom preço. A partir daí, cada dia que passa ficará mais caro. Como planeei a viagem com menos que essa antecedência, quando fui consultar os preços já estavam em valores um bocado elevados para o orçamento da viagem. Fazer couchsurfing não era opção, porque como dizia o nosso querido João Máximo, ficar em Las Vegas teria de ser numa suite de um hotel-casino (e cometer alguns excessos...). O pormenor interessante é que os preços dos quartos de hoteis desce abruptamente nas 24 horas antes (é o chamado last minute), para valores até inferiores aos iniciais. Por isso, se não se reservar o quarto com mais de 6 meses de antecedência, vale a pena esperar até à véspera ou ao próprio dia. Mas... há dois factores de vêm baralhar o esquema dos quartos de hotel baratos: os feriados e férias americanos e os jogos e convenções. E logo por azar, precisamente quando nós íamos estar em Las Vegas juntavam-se esses dois factores, o Halloween na véspera e a terceira maior convenção americana, que reunia 200 000 pessoas da indústria automóvel. Bolas!

Foi já em Phoenix, numa escala de 1h, que reservei o quarto, no Vegas Club Hotel & Casino, por 43 euros por duas noites.

Quando aterrámos em Las Vegas já era noite, e como o aeroporto fica muito perto da cidade a vista é espetacular.  A primeira coisa que vimos, imediatamente após a saída do avião, foi, claro, Slot Machines.


Aeroporto de Las Vegas

Tinha reservado um carro para 6 dias, por isso fomos até à zona das rent-a-car levantar o nosso american bunnycar. Mais uma vez, não havia nenhum carro da categoria escolhida (a segunda mais básica) disponível, por isso ofereceram-nos um upgrade gratuito para um carro de categoria superior. Estava um pouco nervoso... nunca tinha conduzido um carro com mudanças automáticas nem não sabia que regras de trânsito poderiam ser diferentes nos EUA. Ligámos o GPS (o mesmo que na Escócia nos fez andar perdidos em estradas de terra batida e propriedades particulares) e seguindo as indicações lá chegámos ao nosso hotel.

Las Vegas tem basicamente duas zonas turisticamente importantes: a Strip, que é a avenida principal ao longo da qual, por 7 km, se estendem os casinos mais famosos e modernos do mundo - Luxor, Bellagio, Caesers, Paris Vegas, MGM, Planet Hollywood, Stratosphere... you name it! A outra zona, mais para norte, é a Las Vegas mais antiga, onde verdadeiramente surgiu a indústria do jogo americana, a zona de Freemont. Há 20 anos, antes de começarem a surgir os grandes casinos da Strip, o coração de Las Vegas era aqui. Foi onde ficámos.



O quarto do hotel era gigante, com duas camas king-size. Uma das paredes era a janela, com uma vista espetacular, do alto do 24º e penúltimo andar. O P estava cansadito e pensava que já era altura de ficar pelos aposentos, mas lá o convenci a dar uma voltinha à rua. Ali mesmo ficava a Fremont Street Experience, uma rua pedestre de 500 metros coberta por painéis LED, música e bailarinos, que a transformam numa autêntica sala de espetáculos gigante. De um lado e de outro os néons dos casinos encandeavam, com enormes salas de jogo e slot machines. Comemos ali na rua, bem à americana, para depois irmos estrear o nosso quarto, bem à portuguesa. ;)


U2 - I Still Haven't Found What I'm Looking For, videoclip oficial com a Fremont Street como palco.

14 comentários:

  1. Já tardava mais um relato dessa memorável viagem.
    Quanto ao que dizes dos vossos anfitriões de Washington, ele correpondem quase a 100% da ideia que faço do americano tipo. E que detesto, claro...
    Quanto à visita a Las Vegas, é incrível essa "política" dos preços dos hotéis à última hora; há algum risco, mas vale realmente a pena.
    No entanto, e por muito peculiar que seja a cidade, não me desperta qualquer interesse, pois é uma cidade "inventada" e não é uma cidade real.Por muito interesse que tenha todo aquele "glamour" e todos os néons, será tudo tão artificial que não me convence; mas isto é uma opinião vista de fora...
    Para quando mais?

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    1. De facto este post tardou imenso, mas levo sempre muito tempo a escrever e a confirmar detalhes. Cada post destes leva-me, no mínimo, 4 horas, e ultimamente não tenho tido muito tempo livre (como de resto se pode notar pela minha ausência no teu blog, que espero corrigir rapidamente).
      Também não me agrada a visão do americano tipo, e o Douglas enquadra-se perfeitamente nessa concepção, o que até é surpreendente para um gajo que trabalhe para a ONU e viaje imenso. Enfim, não seria por serem um casal gay que haviam de ser diferentes nesse aspecto.
      Las Vegas é um sítio artificial, sem dúvida. Há outras 'cidades artificiais' onde gostaria de ir, mas penso que só o Dubai ultrapassará este conceito de artificialidade. No entanto, não obstante a futilidade, não deixa de ser uma cidade deslumbrante. De uma forma completamente diferente da de Washington, Las Vegas foi talvez a segunda grande surpresa desta viagem, porque as expectativas eram baixas.
      Para quando mais? Lol, não sei, ainda nem comecei a escrever o próximo post, e quero dar andamento aos blogs que me faltam ler antes que o Reader feche de vez.

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    2. Las Vegas é isso mesmo, surpreendente! até porque todos temos esse preconceito de que é artificial. Não hesito em recomendar a visita, mesmo aos mais reticentes... e espero lá voltar! :D

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  2. Adorei tudo.
    Não é cidade que me encante, mas gosto muito de ver e sentir as diferenças culturais.
    Aproveito para agradecer o comentário no a&y que, sintetizado, apreciei ainda mais ;)

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    1. Também gosto de sentir as diferenças culturais, mas normalmente aprecio choques culturais maiores (tipo Ásia).
      Em relação ao A&Y, já da outra vez aconteceu o mesmo, quando chego para comentar está tudo em branco. Normalmente até vou acompanhando os blogues pelo telemóvel, mas para comentar tem de ser no PC, e aí já não tenho tanto tempo. ;)

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  3. Deliciado :)

    Abraço aos dois :) viajantes :3

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  4. Viajar é bom, mas viajar com amamos torna a experiência inesquecível. Acho que a frase final do teu post diz tudo.
    Abraçosx2

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    1. Viajar com quem amamos torna o desafio muito mais difícil, no meu entender, mas é muito mais estimulante e recompensador. :D Mas quem sou eu para falar disso, não é?

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  5. Estrear o quarto, bem à portuguesa é genial LOLOLOLOLOL

    Adorei a discrição LOL

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    1. Lol, viajar é bom mas à coisas que só mesmo à portuguesa... ;)

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